Americana, 150 anos
Com início em Salto Grande e Carioba, profissionais afirmam que arquitetura do município se atualiza conforme tendências de cada época
Por Lucas Ardito
05 de setembro de 2025, às 08h44 • Última atualização em 05 de setembro de 2025, às 12h42
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/arquitetos-destacam-modernidade-nas-construcoes-de-americana-2444079/
Do Casarão de Salto Grande e região de Carioba aos primeiros prédios, a arquitetura da cidade passou por referências de imigrantes – Foto: Marcelo Rocha_Liberal
A arquitetura de Americana passou por diversas transformações ao longo dos 150 anos do município e se consolidou como versátil ao acompanhar as tendências de cada época. Do Casarão de Salto Grande e região de Carioba aos primeiros prédios, a arquitetura da cidade passou por referências de imigrantes e se adaptou para chegar no estilo contemporâneo.
O LIBERAL conversou com três arquitetos: Daniela Morelli, autora do livro “Americana em um século: a evolução urbana de uma cidade industrial de porte médio”; Heliton Escorpeli, ex-presidente do Condepham (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural de Americana); e Aquiles Nícolas Kilaris. O trio destacou as origens da arquitetura local.
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“A gente pode dizer que existe uma arquitetura colonial brasileira, como exemplar a Fazenda Salto Grande, uma arquitetura tradicional. Depois, algo importante acontece em Carioba, com o modelo urbanístico de vila inglesa, industrial, que se desenvolveu na Primeira Revolução Industrial”, apontou Daniela.
Edifício Abdo Najar, no Centro de Americana: referência arquitetônica – Foto: Marcelo Rocha/Liberal
Ela ressalta que, com a chegada dos alemães, a cidade também passou a ter influências germânicas nas construções. “Na cidade em si a gente vê, no começo do século, uma arquitetura tradicional brasileira nas construções, no alinhamento da rua. Na construção urbanística também, em torno da igreja, em torno de uma praça onde havia reunião, já surgiu esse núcleo próximo da estação, que foi o primeiro ‘start’ do município.”
Aquiles seguiu o raciocínio, apontando para o estilo colonial. “Americana tem uma história de transformação, com períodos de continuidade e momentos de variação na arquitetura. Temos construções datadas na cidade, que remetem ao estilo mais colonial, como a estação ferroviária, a Casa Hermann Müller e o Casarão do Salto Grande. Posso citar também construções características dos anos 1970 e 1980 do século passado, como o prédio da prefeitura”.
Outro nível
Heliton, por sua vez, destacou o antigo Cine Cacique, no Centro, como uma referência para a evolução das construções do município. Segundo ele, a edificação trouxe elementos modernos e que influenciaram na evolução arquitetônica da cidade.
“Um ponto determinante na arquitetura de Americana é a implantação do Cine Cacique, porque na época ele era um edifício multidisciplinar, que tinha um cinema, hotel, tudo isso em um complexo”, apontou.
“Com isso, a cidade começa a crescer na questão da qualidade arquitetônica. Começam a surgir os primeiros edifícios, o edifício Abdo Najar, começa a ter esse outro nível de arquitetura”, concluiu o profissional.
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Entre os locais característicos e que preservam a arquitetura da época já citados, os arquitetos também destacaram o Sobrado Velho. Apesar de afirmarem que a transformação é muito rápida, citaram que ainda é possível encontrar imóveis com estilos de outras épocas na região da Vila Jones, Cordenonsi e Conserva.
Início da Avenida Paulista, no final da década de 1940 – Foto: Acervo/Instituto 12 de Novembro
Transformação
Daniela entende que a rápida transformação faz com que não haja uma característica específica da cidade. “Americana foi acompanhando os modismos de época e o desenvolvimento da forma de produzir. É como uma tendência nacional, a gente não tem algo estritamente característico como no sul do Brasil, ou no Nordeste.”
Aquiles, por sua vez, reforçou que a atualização rápida transforma a paisagem urbana do município. “Esse fenômeno acompanha o crescimento da cidade. Vivemos um momento de novos lançamentos de edifícios cada vez mais modernos e de condomínios com casas inteligentes e sustentáveis. Nós, por exemplo, usamos em praticamente todos os nossos projetos, automação e energia fotovoltaica. Todo esse movimento vai transformando a paisagem urbana de Americana”.