Pelo menos 475 pessoas foram detidas esta quinta-feira pelas autoridades de imigração norte-americanas (ICE, na sigla em inglês), durante uma rusga numa fábrica de produção de baterias elétricas da Hyundai no estado da Geórgia, nos EUA, noticia a imprensa norte-americana.

De acordo com o jornal The New York Times, a maioria dos detidos são de nacionalidade sul-coreana, que é também a nacionalidade da construtora automóvel a que se destinam as baterias produzidas no local pela fabricante LG Energy Solution.

A rusga aconteceu numa fábrica situada na zona de Ellabell, nos arredores da cidade de Savannah, durante o horário de trabalho, e visou trabalhadores que se encontravam ilegalmente no país. “Esta operação sublinha o nosso compromisso com a proteção dos empregos para as pessoas do estado da Geórgia e para os norte-americanos”, disse o agente Steven Schrank, responsável pela operação, numa conferência de imprensa em que também descreveu a rusga como a maior operação de sempre numa única localização.

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Schrank assinalou ainda que o objetivo da operação foi garantir a livre concorrência entre empresas na economia norte-americana e “proteger os trabalhadores da exploração”. O responsável reconheceu que num primeiro instante foram detidos alguns cidadãos norte-americanos e alguns residentes com situação legal, que foram libertados.

As autoridades ainda não formalizaram quaisquer acusações contra os trabalhadores detidos, estando neste momento a decorrer a investigação sobre a situação contratual de cada um.

A Hyundai reagiu em comunicado afirmando que, pela informação disponível até ao momento, nenhum dos trabalhadores era funcionário da Hyundai. Serão trabalhadores subcontratados ou funcionários da LG Energy Solution. “Estamos a monitorizar de perto a situação e a trabalhar para compreender as circunstâncias específicas”, afirmou a empresa sul-coreana.

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Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul confirmou esta sexta-feira que há sul-coreanos entre os detidos, mas não explicou quantos. Como explica ainda o The New York Times, esta operação, que se enquadra nos esforços do governo de Donald Trump para perseguir duramente a imigração ilegal, arrisca causar um problema diplomático com Seul: recentemente, o Presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, esteve na Casa Branca com Donald Trump e anunciou o investimento de mais 150 mil milhões de dólares na economia norte-americana, incluindo no fabrico de baterias.

“As atividades económicas das nossas empresas de investimento e os direitos e interesses dos nossos cidadãos não podem ser injustamente violados durante a atuação das autoridades norte-americanas”, afirmou um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano.