A Arábia Saudita está colocando em prática um dos empreendimentos mais ousados do planeta: a construção de um arranha-céu de 170 quilômetros de extensão em pleno deserto. O projeto, batizado de The Line, integra o megacomplexo Neom e foi concebido para abrigar até 9 milhões de pessoas.

Anunciado pela primeira vez em 2017 e detalhado em 2022, o The Line é idealizado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que o descreve como “sua pirâmide”. O orçamento estimado varia entre US$ 500 bilhões e US$ 1 trilhão (cerca de R$ 2,6 a R$ 5,2 trilhões).

A estrutura terá 500 metros de altura, 200 metros de largura e 170 km de comprimento, formada por duas torres paralelas de vidro espelhado, interligadas por passarelas e divididas em bairros. O tamanho é tão descomunal que os engenheiros precisaram considerar até a curvatura da Terra no planejamento.

Segundo o portal UOL, o complexo foi projetado para funcionar com energia 100% limpa e emissão neutra de carbono. Segundo bin Salman, a proposta é substituir os modelos urbanos horizontais por comunidades verticais em camadas, preservando a natureza e oferecendo melhores condições de vida.

O Neom vai além do The Line: inclui fazendas verticais, uma estação de esqui artificial, um porto flutuante octogonal, uma lua artificial, projetos de semeadura de nuvens e até uma arena destinada a combates de robôs. A rotina dos moradores deverá contar com o apoio de robôs e inteligência artificial para serviços cotidianos.

A mobilidade dentro da cidade será repensada. Carros não serão permitidos; em vez disso, uma linha de trem de alta velocidade cruzará toda a extensão em apenas 20 minutos. Além disso, a promessa é que qualquer serviço essencial esteja a, no máximo, cinco minutos de caminhada.

As obras já começaram com recursos do governo saudita. A inauguração parcial está prevista para 2030, mas especialistas calculam que a conclusão completa possa levar até 50 anos.

Apesar da magnitude, o projeto é alvo de críticas. Reportagens apontam que comunidades locais já foram removidas da região para dar espaço ao empreendimento, fato que vem gerando protestos de especialistas e organizações de direitos humanos.


Giovanna Gomes

Giovanna Gomes é jornalista e estudante de História pela USP. Gosta de escrever sobre arte, arqueologia e tudo que diz repeito à cultura e à história do ser humano.