Jaime Leibovitch fala de participação em 'Êta mundo melhor!' como novo marido de Sandra e da vida no Retiro dos Artistas

Jaime Leibovitch surgirá nos próximos capítulos de “Êta mundo melhor” como o rico Barão Deschamps, que se casará com a vilã Sandra (Flávia Alessandra). O ator de 77 anos fala sobre o convite para a participação:

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— Estou feliz. Foi delicioso fazer um barão francês e falando em francês. Tive a oportunidade de conhecer Joana Solnado (que interpretará Inês, aliada de Sandra). Descobri que ela é neta do meu ídolo de infância, Raul Solnado. Também pude reencontrar Eriberto Leão, de quem já fui pai numa peça. Quanto à Flávia, fizemos “Caras & bocas”, embora não tivéssemos contracenado lá. Desta vez, no entanto, pude testemunhar, ao vivo, a maravilhosa atriz que ela é — conta o ator.

Além da novela, Leibovitch está no elenco do espetáculo “Hamlet”, em cartaz até este domingo (8), no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio.

— Esta peça constitui mais um feito da Companhia Teatro Esplendor, dirigida por Bruce Gomlevsky. Tenho a Companhia como minha família teatral. Com ela, fiz vários espetáculos e, depois de sete anos, volto a atuar no palco junto com a minha turma. Dado o trabalho exaustivo de fazer uma peça tão complexa como esta, de Shakespeare, não pude aceitar alguns bons trabalhos que me foram oferecidos ao longo deste ano. No entanto, desta vez foi possível conciliar a participação na novela, o que me deixou muito feliz.

Desde a pandemia, ele mora no Retiro dos Artistas. A decisão de se mudar para lá ocorreu após a morte do filho de 46 anos em um acidente do carro. Nos próximos dias, ele ministrará uma oficina e uma palestra na instituição:

— O Retiro, hoje em dia, é um verdadeiro polo cultural. É inimaginável a quantidade de eventos, cursos, palestras, espetáculos e filmes que são oferecidos não apenas aos residentes, mas também, e principalmente, à comunidade de Jacarepaguá e bairros próximos. Afinal, a plêiade de artistas que habita o Retiro tem muito a dizer e ensinar, além de histórias saborosas para contar. Nesta segunda-feira (9), a instituição dará início a um grande ciclo de palestras sobre arte ministradas pelos próprios residentes. Falaremos, eu e Marcos Oliveira, sobre teatro. Também coordenarei, a partir do dia 20, a oficina “Fazer e pensar teatro”.

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O ator fala sobre o seu dia a dia na instituição:

— Leio muito, gosto demais de livros. E o Retiro, além da excelente biblioteca que tem, me proporciona o sossego necessário para uma prática metódica da leitura. Meu dia a dia, portanto, gira em torno disso: ler, estudar e ouvir as histórias maravilhosas dos velhos e geniais artistas, meus vizinhos.

Leibovitch comenta que sente um estigma em relação às pessoas que moram na instituição, mas pondera que a própria classe artística sempre foi estigmatizada:

— Não conheço um retiro de engenheiros ou advogados. A existência de um retiro de artistas responde à própria história da classe artística, que foi uma história de muita rejeição, muita aversão, muita censura e muito preconceito. Lembremos que o grande Molière foi sepultado às escondidas, e por intervenção direta do rei, porque um ator não poderia ser enterrado num campo santo. Bibi Ferreira não pôde se matricular numa escola porque os pais eram artistas. Há poucos anos, um cidadão foi impedido pelo juiz de testemunhar em um processo porque era ator.

Veja fotos da casa do ator Jaime Leibovitch no Retiro dos Artistas Jaime Leibovitch em sua casa no Retiro dos Artistas — Foto: Ana Branco