Portugal teve, este sábado, na Arménia, uma entrada das arábias, à campeão, triunfando de forma categórica, por 0-5, na primeira aparição pública da selecção depois da conquista da Liga das Nações, na Alemanha. Tudo, no arranque da qualificação da zona europeia para o Campeonato do Mundo de 2026, organizado pelos Estados Unidos, México e Canadá, que começa com nota máxima, antes de seguir para Budapeste.

Roberto Martínez não podia ter sido mais cirúrgico na escolha do “onze”, ao promover os regressos de João Cancelo (um golo) e João Félix (bisou). O lateral, que falhou a Liga das Nações, fez o principal, tirando o defesa arménio do caminho com uma finta das arábias, colocando com classe extra a bola no plano de voo de João Félix, de regresso quase dez meses depois da última aparição, ainda na fase de grupos da Liga das Nações, num jogo em que marcou o golo da igualdade (1-1) frente à Croácia. Desta feita só foi preciso esperar dez minutos.

João Félix conseguiu ainda outra proeza, juntando-se a Cristiano Ronaldo como os únicos jogadores da selecção nacional a marcarem na Arménia, antes de Cancelo fazer o mesmo. Cristiano Ronaldo que estava, aliás, logo atrás do novo companheiro no Al Nassr para corresponder ao cruzamento de Cancelo.

Portugal cumpria o primeiro objectivo da noite em Erevan, conseguindo pela primeira vez em quatro jogos marcar primeiro do que a selecção da casa, esvaziando um pouco a pressão deste regresso em terreno historicamente complicado e numa qualificação curtíssima, com apenas seis jogos para reservar um lugar no Mundial 2026 em menos de dois meses e meio.

Mas Cristiano Ronaldo, que já decorou o mapa do tesouro da capital arménia, onde há dez anos fez um “hat-trick”, tinha o plano perfeito para transformar uma noite de nervos num exercício ainda mais fofo do que o relvado novo “pago” pela diva do Bronx Jennifer Lopez.

O capitão da selecção, que além de ter chegado aos 140 golos pela selecção, aumentou a contagem aos 21 minutos (minuto Jota), numa finalização simples e eficaz a meio caminho da marca de penálti e da linha de golo, correspondendo a um passe de Pedro Neto.

A Arménia, que na estreia do novo seleccionador preparou um 5x3x2 que revelava os cuidados defensivos e, ao mesmo tempo, a coragem e ambição de criar problemas através das duas unidades mais activas e agressivas na frente, tinha tido a paciência necessária para esperar e bloquear os campeões da Liga das Nações, aproveitando um livre e um canto para tentar algo mais depois de uma série de resultados negativos que levaram à dispensa do antigo seleccionador apenas ao fim de quatro jogos.

Uma espera infrutífera, desmantelada pouco depois por João Cancelo, que aproveitou o ressalto a duas tentativas de Cristiano Ronaldo e João Félix para assinalar o regresso à selecção com um golo (32′) importante – dedicado a Diogo Jota -, a bater com a porta na cara da selecção arménia antes de esta poder esboçar uma reacção.

A pedalada de João Neves

Instantes antes, assinale-se, João Neves, a passe açucarado de Cancelo, tinha tentado um golo acrobático, a lembrar os dois de “bicicleta” no hat-trick conseguido em Toulouse, pelo PSG, no domingo passado.

Com Vitinha a dirigir a orquestra e João Neves liberto do corredor por onde andara na Liga das Nações, Portugal capitalizou a vantagem conquistada na primeira meia hora para tirar a Arménia da discussão do jogo. Algo que ficou ainda mais evidente logo após o regresso dos balneários, onde ficou Pedro Neto, substituído por Trincão.

Até porque Cristiano Ronaldo não estava para cerimónias, elevando (46′) para 0-4 antes mesmo de Diogo Costa ter chegado à baliza. Cristiano Ronaldo aproveitou um corte da defesa arménia a passe de João Neves para disparar um dos mísseis que são a sua imagem de marca.

Um golo que deixou a Arménia completamente perdida em campo e que só não foi buscar a bola mais um par de vezes ao fundo da baliza porque Bruno Fernandes e Trincão estavam em dia não no capítulo da finalização.

Compensou João Félix, a confirmar o excelente início de época na Arábia Saudita, com um segundo disparo certeiro, com nota artística elevada.

Por essa altura, já a mente de Roberto Martínez viajava para Budapeste, com Cristiano Ronaldo à boleia a sair antes de poder repetir o “hat-trick” de 2015. Numa gestão que salvaguardou ainda Nuno Mendes, para além de Félix e Cancelo.