“O “esclarecimento” do MECI [Ministério da Educação, Ciência e Inovação] e a declaração posterior do senhor ministro em conferência de imprensa confirmaram, de resto, todos os factos descritos na notícia do Expresso, incluindo as pressões de que também o MECI e o Parlamento foram objeto”, escreveu o reitor, que disse que só vai prestar esclarecimentos adicionais às entidades que venham ainda a ser chamadas a intervir neste processo.

O que dizem os estudantes?

A Federação Académica do Porto (FAP) e a Associações de Estudantes da Universidade do Porto pediram já este sábado, 06 de setembro, a convocação urgente de um Senado Académico para que os dirigentes responsáveis expliquem o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina.

“A Federação Académica do Porto e as Associações de Estudantes da Universidade do Porto apelam ao diálogo entre o diretor da Faculdade de Medicina da U. Porto e o reitor da Universidade do Porto, considerando ainda indispensável a convocação urgente de um Senado Académico, com a presença de ambos”, lê-se numa nota de imprensa enviada à Lusa.

Os estudante da academia do Porto querem que se “esclareça perante toda a comunidade académica o que realmente se passou com os/as 30 candidatos/as”. A FAP e as Associações de Estudantes da U.Porto exigem saber “porque razão foram feitas insinuações sobre influências externas, que prejudicam gravemente o diálogo institucional da Universidade do Porto com a tutela e o ministro, numa altura fundamental de reforma do sistema de Ensino Superior”.

“É lamentável que se tenha prejudicado a imagem da Universidade do Porto perante todo o país. A FAP apela a um ambiente institucional responsável e transparente, em vez da troca de acusações públicas que desviam as atenções do essencial”, referiu o comunicado.

Segundo a nota, a FAP entende que a responsabilidade recai sobre a FMUP e sobre a U. Porto, que “falharam na condução do processo, prejudicando 30 candidatos que mudaram a sua vida a contar com a concretização do sonho de estudar Medicina e lançaram sobre terceiros responsabilidades que lhes são próprias”.

A federação recorda que este processo “não pode ser desligado de dinâmicas pessoais e políticas que marcaram a relação entre o diretor da FMUP, Altamiro da Costa Pereira, e o reitor da Universidade, António de Sousa Pereira, circunstâncias que fragilizaram a condução de todo o processo e prejudicaram os interesses da Universidade”.

A FAP reitera o pedido de abertura de um inquérito interno na FMUP e U.Porto, “de forma a apurar responsabilidades”. Já os candidatos ao concurso especial confessam-se lesados pela U. Porto, referindo que mudaram de cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram de mestrados.

Como reagiram os partidos?

O PSD pediu esta sexta-feira a audição parlamentar urgente do ministro da Educação e do reitor da Universidade do Porto para prestarem esclarecimentos sobre alegadas pressões no processo do concurso para acesso a medicina no ano letivo 2025/2026.

Apesar do pedido de audição, o PSD refuta no requerimento qualquer pressão, considerando que “o ministro da Educação, Ciência e Inovação nunca pressionou, de forma alguma, o Reitor a admitir aqueles candidatos de forma irregular, nem sugeriu qualquer solução que violasse o enquadramento legal em vigor”.

Num requerimento entregue na Assembleia da República (AR), o Grupo Parlamentar do PSD requer a “audição urgente” do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e do reitor da Universidade do Porto, que identifica também como “membro do conselho estratégico do Partido Socialista”, António Sousa Pereira. O PSD requer ainda a audição do diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Altamiro da Costa-Pereira.

O objetivo é “prestarem esclarecimentos sobre o processo do Concurso Especial para Acesso a Medicina por Licenciados da Universidade do Porto para o ano letivo 2025/2026”. Por outro lado, PS e Iniciativa Liberal também pediram a audição do ministro da Educação no parlamento.