Quando resolveu aceitar o convite para se tornar rainha de bateria da escola de samba Grande Rio, Paolla Oliveira ouviu uma série de conselhos para que não fizesse isso. Foram vários os argumentos que traziam a certeza que a decisão de se tonar uma estrela da Avenida custaria a sua carreira como atriz. A artista lembra o início dessa relação com a folia e o impacto que a festa teve em sua vida durante participação no videocast ‘Conversa vai, conversa vem‘, do jornal OGLObo, no ar no canal do veículo no Youtube e no Spotify.

O carnaval se tornou gigante para você. Não está desesperada com esse vazio? Além de Heleninha, teve questão com seu pai… ele está bem?

Desesperada! Estaria arrumando roupa, teria feito mil reuniões, mas há demandas psicológicas. Meu pai está doente. O carnaval dependia de mim emocionalmente, fisicamente. Não ia dar conta. Consegui sair num momento bom. Por que só mudamos a vida, relacionamentos e trabalho, quando estão péssimos? É saída simbólica, o carnaval está em mim.

Odete Roitman. Assista à entrevista de Débora Bloch no ‘Conversa vai, conversa vem’

Foi no carnaval que descobriu o que pensa sobre o lugar da mulher no mundo?

Quando me chamaram, ouvi “sua carreira vai cair, vai perder o valor”. Fui, saí, fiquei agoniada porque queria mais e, quando volto, é como essa mulher que não se importa com o que vão falar. Me redescubro como mulher, descubro essa festa sobre a identidade do nosso povo, ancestralidade, diversidade de corpos. Em vez de olhar com moralismo, achar que é vulgaridade, é ver como lugar onde a mulher possa se libertar. Tornei esse movimento enorme a ponto de mudar minha relação com o mundo.

Perdeu muito dinheiro ao parar de fazer publicidade de bebida alcoólica?

Nem sei. Abri mão antes, e eles nem chegaram. Me questionei. Não é sobre quem vai fazer, mas como estamos fazendo. Não pode mais colocar mulher como objeto de desejo, associar ser bem sucedido sexualmente, socialmente, economicamente. Mas ainda falta.