As suspeitas iniciais confirmaram-se. O acidente que provocou o descarrilamento do Ascensor da Glória, em Lisboa, foi mesmo causado pela cedência do cabo que unia as duas cabines, confirma o primeiro relatório sobre a tragédia, divulgado este sábado, 6 de setembro.
Nas primeiras informações oficiais, é revelado que o ascensor percorreu pouco mais de seis metros quando perdeu “subitamente a força de equilíbrio pelo cabo de ligação que os une”. O guarda-freios terá acionado, de imediato, os travões, mas “não tiveram efeito em reduzir a velocidade do veículo”.
O relatório acrescenta ainda que o episódio decorreu em menos de 50 segundos e que o elevador sofreu o primeiro embate a cerca de 60 quilómetros por hora.
Segundo os especialistas, os freios “não têm a capacidade suficiente para imobilizar as cabinas em movimento sem estas terem as suas massas em vazio mutuamente equilibradas através do cabo de ligação” e, por isso, “não constitui um sistema redundante à falha dessa ligação”.
Estas informações confirmam que, segundo as evidências observadas, a manutenção do equipamento estava em dia. Na manhã do dia do acidente, terá sido realizada uma inspeção visual programa, contudo, a zona onde o cabo cedeu “não é passível de visualização sem desmontagem”.
Porém, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) sublinha que a investigação ainda está a decorrer, pelo que a informação pode estar incompleta. Prevê-se a publicação do relatório preliminar em cerca de 45 dias.
No total, o acidente envolveu 38 pessoas de pelo menos 10 nacionalidades. A primeira vítima mortal identificada, de um total de 16, foi o português André Marques, guarda-freio do veículo. Mais de 20 pessoas ficaram feridas, cinco em estado grave.
Pedro Bogas, presidente do Conselho de Administração da Carris, reagiu à tragédia cerca de três horas depois do acidente, assegurando que o protocolo de manutenção foi “escrupulosamente cumprido”. “Há 14 anos que esta manutenção é assegurada por uma empresa externa. Neste momento nem sabemos se foi um problema de segurança”, acrescentou.
O acidente foi amplamente partilhado pela imprensa internacional. Vários meios de comunicação mostraram-se chocados com a tragédia, como a NiT mostrou.
“O acidente trágico no Elevador da Glória abalou profundamente a Europa. O Parlamento Europeu acompanha Portugal no seu luto nacional, com as suas bandeiras a meia haste”, partilhou Roberta Metsola, presidente Parlamento Europeu (PE), nas redes sociais.