A fisioterapia ajuda no combate a vários tipos de dor – Divulgação

A fisioterapia ajuda no combate a vários tipos de dorDivulgação

Publicado 07/09/2025 00:00

A expectativa de vida mudou e cada vez mais as pessoas buscam a longevidade, mas o que fazer para uma permanência por aqui menos dolorosa? A ciência segue debruçada em estudos para oferecer a melhor condição de vida às pessoas apesar das mudanças que ocorrem na velhice com implicações e desafios no âmbito social, econômico e de saúde. E quanto mais se vive, aumenta a chance de enfrentar as fragilidades naturais do envelhecimento.Entre as demências que mais assustam está o Alzheimer. No Brasil há 1,2 milhão de diagnósticos confirmados e a cada ano surgem 100 mil novos casos. Poucos sabem, mas a fisioterapia é uma grande aliada no tratamento da demência.

Segundo a fisioterapeuta Larissa Abrahão, formada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a fisioterapia vai trabalhar para oferecer ao paciente com Alzheimer condições para que ele possa manter a mobilidade, a força muscular e autonomia.

“Qual é o ganho? Além de reduzir o risco de quedas, melhora a qualidade de vida”, destaca. Ela frisa ainda que, por meio de exercícios específicos, a fisioterapia pode retardar a progressão da doença, minimizar os efeitos motores e cognitivos, e promover a independência do paciente em atividades do dia a dia.

“A partir dos 30 anos, o corpo começa o processo de perda progressiva de massa muscular e se acentua no idoso, tornando-se um quadro chamado sarcopenia – perda de massa e força muscular que ocorre de forma progressiva e natural com o envelhecimento. A partir disso, vamos ter redução da força muscular que pode impactar no equilíbrio do indivíduo aumentando o risco de queda, aumento de hospitalizações e impacto metabólico visto a chance de agravar doenças como diabetes e obesidade”, afirma ela.

A profissional acrescenta que a soma de todos esses sintomas vai levar a uma perda de mobilidade e autonomia na vida desse idoso que vai se tornar mais dependente para realizar as suas atividades, o que pode contribuir para casos de depressão e ansiedade. “Por esta razão, o exercício físico é necessário ao longo de toda a vida e principalmente na terceira idade para a manutenção da força muscular e de uma melhor qualidade de vida para essas pessoas”.

Ela afirma que é possível reduzir o risco de quedas no paciente com Alzheimer. “A fisioterapia, com exercícios de equilíbrio e coordenação, muitas vezes incorporando atividades lúdicas que também estimulam a parte cognitiva, exercícios resistidos com foco na força muscular e melhora da marcha, vai ser fundamental para a redução desse risco, uma melhor qualidade de vida nos pacientes afetados pela doença, além de proporcionar mais segurança e tranquilidade para os cuidadores e familiares”, avalia.

De acordo com Larissa, a fisioterapia pode incluir atividades que estimulam a cognição, como os exercícios de dupla tarefa, que associam movimentos físicos a desafios mentais como, por exemplo, caminhar enquanto se realiza um cálculo simples ou nomeia objetos. A fisioterapeuta afirma que essas estratégias ajudam a manter o cérebro ativo, estimulando a memória, a atenção e o raciocínio, e promovem maior engajamento no tratamento. “Portanto, mesmo que a fisioterapia não interrompa a progressão da demência, ela é fundamental para estabilizar o quadro funcional e contribuir indiretamente para a manutenção das habilidades cognitivas, melhorando o bem-estar geral do paciente”, frisa Larissa.

A fisioterapia também contribui para aliviar a dor. “A fisioterapia tem um papel fundamental no tratamento de dores e desconfortos, que muitas vezes comprometem a funcionalidade, a mobilidade e a qualidade de vida do indivíduo. A dor pode ser incapacitante, levando o paciente a evitar atividades do dia a dia, inclusive aquelas que promovem bem-estar físico e emocional. Dessa maneira, diversas técnicas, como o TENS, liberação miofascial, mobilização articular e massoterapia, podem ser utilizadas a partir da avaliação individualizada feita pelo profissional que vai identificar as causas e características da dor”. 

A especialista destaca que  a melhor técnica para a dor é a cinesioterapia, ou seja, o exercício terapêutico, pois atua na modulação central da dor, estimula a liberação de endorfinas – analgésicos naturais -, mantém o indivíduo ativo, além de aumentar a força muscular. “Portanto, a fisioterapia não apenas trata a dor, mas busca suas causas e previne recorrências, sempre respeitando a individualidade de cada paciente”, pontua Larissa.

A respiração pode ser trabalhada pelo profissional de fisioterapia junto aos pacientes de demência. “Esses pacientes vão se beneficiar de técnicas específicas para otimizar a ventilação pulmonar, facilitar a eliminação de secreções, promover a expansão pulmonar, melhorar a oxigenação e fortalecer os músculos respiratórios. Ela explica como deve ser feito. “Técnicas como exercícios respiratórios, reeducação diafragmática, uso de incentivadores respiratórios como EPAP – Pressão Expiratória Positiva nas Vias Aéreas -, dispositivos que promovem a tosse e a eliminação de secreções como o shaker, dispositivos de pressão positiva como o CPAP – Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas -, bastante utilizado na apneia do sono, são algumas das ferramentas utilizadas, de acordo com a condição clínica de cada paciente”, conclui Larissa.

Com metas, o envelhecimento fica mais saudável

De acordo com Cristina Cristovão Ribeiro, fisioterapeuta, professora universitária,  pesquisadora e doutora em Gerontologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é importante lembrar que não só a parte física, mas a emocional influencia na prevenção da perda cognitiva. Trabalhando com idosos há muitos anos, ela percebeu ,que aqueles que faziam planos, traçavam metas e realizavam sonhos tinham um envelhecer mais saudável. Pensando nisso, ela organizou o livro ‘Propósito de vida da pessoa idosa’ (Summus Editorial) junto com outros 13 autores, especialistas em gerontologia de diferentes áreas de atuação.

A obra foi foi vencedora da segunda edição do Prêmio Jabuti Acadêmico no Eixo Ciência e Cultura – categoria Educação física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia ocupacional. Em entrevista ao jornal O DIA, Cristina Cristovão Ribeiro, fala sobre os benefícios da fisioterapia.

O DIA: Como a fisioterapia pode ajudar para que a demência seja ‘evitada’ ou, pelo menos, adiada?

Cristina Cristovão Ribeiro: Aqui a gente pode dividir em dois aspectos, a fisioterapia ela pode ajudar a prevenir a demência naquele paciente idoso que não possui o problema e pode prevenir o surgimento de demências. Os exercícios fisioterapêuticos podem elevar o fluxo sanguíneo cerebral, melhorar a oxigenação do sistema nervoso central e estimular a neuroplasticidade, quer dizer, ele pode ajudar no melhor funcionamento cerebral, porque isso vai contribuir para o surgimento de novas sinapses e de um cérebro mais saudável.

Por meio da fisioterapia pode se realizar exercícios que chamamos de dupla tarefa, os quais associam um exercício físico com uma atividade cognitiva, ou seja, eles vão estimular os movimentos, fortalecimento muscular, o equilíbrio e também exercitar as tarefas cognitivas, por meio de algumas habilidades como a memória, atenção, concentração e a capacidade de planejamento. Então, os exercícios realizados pela fisioterapia, eles podem, sim, prevenir o aparecimento das demências.

Agora, no caso de um paciente que já tem a demência, a fisioterapia vai ajudar muito a estagnar, a não avançar o quadro e também a prorrogar o aparecimento de novos sinais e sintomas. Então, aquele paciente que faz a fisioterapia vai se beneficiar, por exemplo, com exercícios de fortalecimento para melhorar o equilíbrio, a marcha, melhorar as condições respiratórias. Vai ajudar também no alongamento, melhorar a mobilidade. Isso tudo vai prevenir os episódios de quedas. E o paciente com demência, se ele sofrer uma queda, ele tem muitas complicações, então esse declínio funcional vai ser muito acelerado a partir de uma queda. Então, a fisioterapia traz muitos benefícios, tanto para a prevenção de demências quanto para aqueles pacientes que já têm demência, ajudando a estagnar o quadro e a prorrogar o aparecimento de sinais e sintomas.

O DIA: Existem alguns exercícios específicos para q essa prática melhore a longevidade e a qualidade de vida das pessoas?

Cristina Cristovão Ribeiro: Sobre os exercícios específicos, a gente pode citar os exercícios resistidos que são o fortalecimento da musculatura, tanto de membros superiores quanto de membros inferiores, aumentando essa força muscular em prol da funcionalidade, prevenindo doenças crônicas como, por exemplo, a osteoporose, as artroses, entre outras, e isso ajuda bastante.

A realização dos exercícios de dupla tarefa, como eu já citei e o alongamento para melhorar a flexibilidade, diminuindo a rigidez muscular, melhorando a amplitude do movimento e evitando dores e lesões. São importantes também os treinos de equilíbrio para melhorar a marcha, para dar mais segurança nas atividades do dia a dia, melhorando também a propriocepção, essa percepção do movimento articular. Isso tudo ajuda muito na prevenção de quedas e ajudam nas atividades de vida diária, sentar, levantar, subir os degraus, auxiliando nessa independência do dia a dia.

Temos a hidroterapia, que engloba os exercícios terapêuticos realizados na água e são muito bem-vindos no caso de pacientes com algum comprometimento articular mais sério, no caso de terem dores. Então, no geral, a fisioterapia ajuda nesse ganho de força e autonomia funcional, na melhora da flexibilidade, do equilíbrio, na diminuição do risco de quedas, na prevenção de doenças crônicas, melhorando a saúde mental e melhorando, de maneira geral, a independência nas atividades de vida diária.

O DIA: Na sua experiência, a fisioterapia para “evitar” a demência deve ser feita a partir de que idade?

Cristina Cristovão Ribeiro: A fisioterapia com o objetivo de prevenir as demências deve ser iniciada o mais cedo possível, de preferência ainda na fase adulta, especialmente a partir dos 40 anos. Quanto mais cedo melhor, pois existem hoje 17 fatores de risco para o desenvolvimento das demências e 14 deles são fatores modificáveis. Isso quer dizer que são fatores que dependem da pessoa, ela pode influenciar nisso por meio de um estilo de vida saudável. Portanto, quanto antes a pessoa iniciar a prática de exercícios regulares, vai ajudar muito no fortalecimento muscular e  no equilíbrio. Tanto a força muscular, quanto a melhora da oxigenação,  vai ajudar no melhor desempenho cognitivo, contribuindo então para evitar ou retardar o surgimento de quadros demenciais. 

O DIA : Informações dão conta de que os exercícios com as pernas são primordiais para que a pessoa não tenha demência. Procede?

Cristina Cristovão Ribeiro: Sim, podemos dizer, de acordo com estudos tanto nacionais quanto internacionais, que os exercícios para fortalecimento dos membros inferiores, ajudam na prevenção das demências. Vale lembrar que não é simplesmente fazer exercícios para as pernas, e sim realizar exercícios que tenham uma progressão de carga, número de séries e repetições, para que realmente leve a um fortalecimento da musculatura de membros inferiores.

Esse fortalecimento vai contribuir para uma melhora do fluxo sanguíneo, transporte de oxigênio e nutrição do cérebro, estimulando então fatores neurotróficos e ajudando positivamente na neuroplasticidade. A qual consiste na capacidade do sistema nervoso central de se adaptar, modificar sua estrutura e reorganizar suas funções em resposta a mudanças no ambiente, experiências, ou lesões. Por meio desse processo, o cérebro é capaz de criar novas conexões sinápticas, fortalecer ou enfraquecer circuitos neurais, e até mesmo compensar áreas danificadas transferindo funções para regiões preservadas e isto tudo ajuda na prevenção das demências.

Não é só fazer alguns agachamentos, alguma caminhada, subir e descer escadas e sim fazer de uma maneira regular. A prática regular desses exercícios pode reduzir em até 30 a 35% o risco de desenvolver demência. O que aconteceu nos últimos tempos é que foi colocado isso de uma maneira muito simples. Não é uma vez ou outra fazer uma atividade que ‘mexa com as pernas’ como subir e descer escadas, exercício na bicicleta que vai ajudar a prevenir demências. O importante é uma prática regular a ponto de ter uma melhora na força muscular e isso repercutir no melhor fluxo sanguíneo, transporte de oxigênio e nutrientes ao cérebro, o que pode ajudar positivamente na prevenção das demências.

Simpósio de Reabilitação na Baixada

Como a fisioterapia e a reabilitação de pessoas são cada vez mais pertinentes, no dia 27 de setembro, das 8h às 17h, haverá o I Simpósio de Reabilitação da Baixada Fluminense reunirá especialistas na Uniabeu. O evento debaterá avanços em áreas como terapia intensiva, reabilitação esportiva e práticas integrativas.
A Baixada Fluminense sediará, pela primeira vez, um evento inédito voltado a profissionais e estudantes de Fisioterapia e áreas afins: o I Simpósio de Reabilitação da região, no campus de Belford Roxo.

O objetivo é promover a atualização profissional e a integração entre diferentes áreas da reabilitação. Com sete mesas-redondas temáticas e a participação de 15 especialistas renomados, o evento abordará tópicos essenciais da prática fisioterapêutica, como terapia intensiva, neurologia, saúde da mulher, práticas integrativas, traumato-ortopedia, terapia manual, Pilates e reabilitação esportiva. Entre os nomes já confirmados estão Fábio Tuza e Raquel Vieira (terapia intensiva), João Pedro Delgado (Pilates), Luiz Figueiredo (tecnologias em reabilitação), Wilinghton Sardinha (reabilitação esportiva) e Magda Valentim(neurodesenvolvimento). Cada mesa contará com profissionais de referência em suas áreas, favorecendo debates qualificados e networking entre participantes da região.

“Essa iniciativa é pioneira na Baixada Fluminense e busca suprir a carência de eventos de alto nível na região, permitindo que profissionais e estudantes tenham contato direto com nomes de referência da fisioterapia sem precisar se deslocar para a capital ou outros estados”,  destaca o coordenador do Curso de Fisioterapia da Uniabeu, Rafael Luzes, responsável pela organização do simpósio.
As inscrições já estão abertas e podem ser feitas aqui pelo valor simbólico de R$ 20, mas as vagas são limitadas. Mais informações sobre a programação estão disponíveis no Instagram: @srbfuniabeu.