A Flotilha Global Sumud para Gaza (GSF, na sigla inglesa) disse, na madrugada desta terça-feira, que um dos seus principais barcos foi atingido por um drone em águas tunisinas, mas que os os seis passageiros e a tripulação estão a salvo. Os danos foram apenas “superficiais” e o barco “pode viajar” para Gaza esta quarta-feira.

O barco de bandeira portuguesa, que é conhecido como o “Barco da Família”, sofreu danos após um incêndio no convés principal e no armazenamento abaixo do convés, acrescentou o GSF num comunicado. Além do activista Miguel Duarte, integram também a flotilha a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, e a actriz Sofia Aparício.

“O ataque provocou um incêndio que foi extinto pela tripulação que se encontrava no local. Foi lançada uma investigação e mais informações serão transmitidas à medida que ficarem disponíveis. A missão não será detida por actos de agressão que visam intimidar e impedi-la. A missão de quebrar o cerco a Gaza e de solidariedade com o povo Palestiniano continua”, acrescenta o GFS na nota.

O incidente foi também noticiado pela relatora especial da ONU para a Cisjordânia e Gaza numa publicação no X. Francesca Albanese escreveu que “o barco principal da flotilha (Family) foi atacado aparentemente por um drone no porto de Tunes” e acrescentou que “outros dois navios estão a caminho de Tunes e precisam de protecção urgente”.

Também partilhou imagens do momento em que, depois de se ouvir o som do que parece ser um drone, é visível uma explosão no barco. Num dos vídeos partilhados, percebe-se que o ataque quase atingiu dois activistas que se dirigiam para o local da embarcação alvejada.

“Quem é o dono deste drone? Estamos em território soberano tunisino”, disse num vídeo o activista brasileiro Thiago Ávila, um dos membros da flotilha, que se encontrava no porto de Sidi Bou Said, onde as embarcações que partiram de Espanha no início do mês começaram a atracar no domingo, à espera de outras que aí se juntarão até ao reinício da viagem para Gaza esta quarta-feira, dia 10.

“Não sabemos quem realizou o ataque, mas não ficaríamos surpreendidos se fosse Israel. Se confirmado, é um ataque contra a soberania tunisina”, alegou Francesa Albanese em declarações à Reuters. Outros activistas da GSF também acusaram Israel da autoria do ataque em vários vídeos divulgados nas redes sociais. Não houve, até ao momento, uma reacção de Israel.

Por sua vez, o ministério do Interior da Tunísia rejeita o ataque, afirmando que as notícias de um drone ter atingido um barco no porto de Sidi Bou Said “não têm fundamento na verdade” e que o incêndio teve origem no próprio navio. Também a Guarda Costeira tunisina garantiu através de um comunicado que “não existe qualquer acto hostil nem ataque externo”.

Na sequência do incidente, centenas de tunisinos dirigiram-se durante a madrugada ao porto de Sidi Bou Said para mostrar solidariedade para com a flotilha, segundo vídeos divulgados nas redes sociais, em que se ouviam gritos com “viva a Palestina”.

A flotilha é uma iniciativa internacional que visa entregar ajuda humanitária a Gaza através de barcos civis apoiados por delegações de 44 países.

Israel impôs um bloqueio naval à zona costeira do enclave desde que o Hamas assumiu o controlo de Gaza em 2007, afirmando que o seu objectivo é impedir que as armas cheguem ao grupo militante.

O bloqueio manteve-se durante os conflitos incluindo na guerra actual que começou quando o Hamas atacou o sul de Israel em Outubro de 2023, matando 1200 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns.

O subsequente ataque militar de Israel contra o Hamas matou mais de 64 mil palestinianos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto uma organização global de monitorização da fome diz que parte das pessoas na faixa de Gaza está a sofrer com a fome.

Israel isolou a Faixa de Gaza por terra no início de Março, deixando-a sem fornecimento alimentar durante três meses, argumentando que o Hamas estava a desviar a ajuda.