Líderes do Hamas foram esta terça-feira atacados em Doha, no Qatar, enquanto discutiam a proposta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para um acordo de cessar-fogo em Gaza. Foram registadas várias explosões no bairro de Katara, mas, até agora, não há relatos de vítimas.
O Exército israelita confirmou a autoria dos ataques, perpetrados em cooperação com secreta interna, a Shin Bet, com o objectivo de assassinar a liderança do Hamas presente no Qatar.
Israel carried out a series of air strikes targeting the leaders of Hamas in Doha city, Qatar. pic.twitter.com/tUwMWS1Sl7
— Eye on Palestine (@EyeonPalestine) September 9, 2025
As Forças Armadas israelitas dizem que os membros do movimento islamista palestiniano que foram atacados lideraram as actividades do grupo durante anos e foram responsáveis pelos ataques de 7 de Outubro de 2023, reiterando que vão continuar a agir de modo a “derrotar a organização terrorista” e que “antes do bombardeamento, foram tomadas medidas para mitigar os danos a civis, incluindo o uso de munições de precisão e informações adicionais de intelligence”, segundo a agência Europa Press.
O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse, nas redes sociais, que Israel agiu de forma independente no ataque à delegação do Hamas em Doha: “Israel iniciou, Israel conduziu e Israel assume total responsabilidade”, lê-se na publicação. Não há menção ao local do ataque por parte de Netanyahu ou dos militares israelitas.
O ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, de extrema-direita, diz que a decisão de levar a cabo este ataque foi “correcta”. “Os terroristas não têm e não terão imunidade contra o ‘braço longo’ de Israel em nenhum lugar do mundo”, disse Smotrich, numa publicação nas redes sociais.
O Governo do Qatar reagiu através do porta-voz do ministro das Finanças, Majed Al Ansari, que condenou “veementemente” o ataque que, segundo ele, foi realizado contra prédios residenciais que abrigavam vários membros do bureau político do Hamas.
“Este ataque criminoso constitui uma violação flagrante de todas as leis e normas internacionais e uma grave ameaça à segurança dos qataris e residentes do Qatar”, diz o comunicado, citado pela Al Jazeera. “Embora condene veementemente este ataque, o Estado do Qatar afirma que não tolerará este comportamento irresponsável de Israel e sua contínua interferência na segurança regional, bem como qualquer acção que ataque a sua segurança e soberania. As investigações estão em andamento e mais detalhes serão anunciados assim que estiverem disponíveis.”
O chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenou o “hediondo” ataque israelita à capital qatari, afirmando que este “constitui uma grave violação do direito internacional e da soberania do Estado do Qatar” e que “é considerado uma ameaça à segurança e à estabilidade na região”.
O Estado iraniano também já reagiu à agressão israelita, que considerou “uma violação do direito internacional”, noticia a Al Jazeera. “Esta acção extremamente perigosa e criminosa é uma violação grave de todas as regras e regulamentos internacionais, uma violação da soberania nacional e da integridade territorial do Qatar”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Esmaeil Baqaei, à TV estatal.
O ataque ocorreu dias após o chefe do Exército israelita, Eyal Zamir, ter ameaçado assassinar líderes do Hamas residentes no estrangeiro, e horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, afirmar que Israel aceitou a proposta de cessar-fogo em Gaza proposta pelos Estados Unidos.