Como os cuidados dermatológicos impactam a saúde feminina? O tema foi um dos assuntos discutidos no 78º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que ocorreu de 3 a 6 de setembro, no Rio de Janeiro. A menopausa, por exemplo, está diretamente relacionada a dermatologia na saúde da mulher, já que afeta a pele, cabelos e unhas, além dos conhecidos sintomas vasomotores como ondas de calor, alterações de humor e insônia.
De acordo com a Dra. Marcelle Nogueira, coordenadora do Departamento de Geriatria da SBD, a menopausa acontece 90% das vezes entre 45 e 56 anos de idade. “É importante falar que a definição clínica de menopausa é a ausência de menstruação por 12 meses consecutivos sem outra causa identificável. Mas a menopausa pode ser antecipada por fatores como tabagismo, baixa paridade, histórico familiar e até algumas condições médicas”, explica a médica dermatologista.
Segundo ela, nos cabelos, é comum a diminuição do calibre dos fios, mudança na textura e queda difusa, especialmente na região frontal e parietal do couro cabeludo. Além disso, o desequilíbrio hormonal pode causar o aparecimento de pelos faciais em áreas indesejadas.
As unhas também tendem a se tornar mais frágeis, quebradiças e de crescimento mais lento. Já a pele, com menos colágeno e hidratação, pode apresentar mais flacidez, ressecamento, perda de elasticidade e surgimento de rugas.
O que acontece com os hormônios e opções de cuidados
Durante a menopausa, ocorre a falência progressiva da função ovariana, com redução acentuada dos níveis de estrogênio (especialmente o estradiol), progesterona e androgênios. Esse desequilíbrio hormonal tem efeitos não apenas no sistema reprodutor, mas em diversos tecidos do corpo, incluindo a pele.
“O estrogênio tem papel importante na manutenção da densidade óssea, no metabolismo, na modulação imunológica e na estrutura da pele. Sua queda impacta diretamente a produção de colágeno, a espessura cutânea e a hidratação. Além disso, alterações hormonais influenciam até mesmo a saúde capilar. Estudos recentes mostram mudanças estruturais na queratina dos fios após a menopausa”, explica Dra. Marcelle.
As opções de cuidado são cada vez mais eficazes e acessíveis. Segundo a dermatologista, há uma ampla gama de cosméticos tópicos e procedimentos dermatológicos minimamente invasivos que ajudam a reverter ou suavizar os efeitos da menopausa sobre a pele.
“Hoje temos cremes que fortalecem a barreira cutânea, aumentam a hidratação e favorecem o equilíbrio do microbioma da pele. Também há ativos que estimulam o colágeno e tratam manchas do fotoenvelhecimento”, destaca.
Além dos tópicos, procedimentos como toxina botulínica, ácido hialurônico, bioestimuladores de colágeno, lasers, ultrassom microfocado e peelings químicos são indicados para melhorar textura, firmeza e luminosidade da pele. Esses tratamentos podem ser combinados de acordo com as necessidades de cada paciente.
Estilo de vida e bem-estar emocional
Mais do que estética, o cuidado dermatológico na menopausa é uma questão de saúde e bem-estar. “É importante chamar a atenção do quanto essas manifestações dermatológicas podem impactar negativamente a qualidade de vida e a autoestima das mulheres menopausadas, para que possamos ter sempre mais estudos desenvolvidos para essa fase da vida”, ressalta Dra. Marcelle.
Ela fala ainda sobre a importância de uma abordagem multidisciplinar que inclua, quando necessário, terapia hormonal, além de intervenções tópicas e mudanças no estilo de vida.
“Alimentação rica em antioxidantes, hidratação adequada, proteção solar diária, sono de qualidade e atividade física são pilares essenciais. E não podemos esquecer do impacto positivo da gestão do estresse e de práticas como meditação para o equilíbrio emocional”, conclui.
Entre os assuntos tratados durante o 78º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia também estiveram: Complicações de procedimentos estéticos”, “Dermatologia na Saúde da Mulher”, “Produtos usados – unhas artificiais e vários tipos de esmaltes com suas composições”, “Métodos de imagem no diagnóstico precoce do câncer, entre outros.
“A diversidade de temas discutidos neste congresso reflete a complexidade e a constante evolução da Dermatologia. Nosso objetivo foi ampliar o conhecimento dos dermatologistas, reforçando nosso compromisso com a atualização científica e a segurança do paciente”, diz o presidente da SBD, Dr. Carlos Barcaui.
O Congresso contou com conteúdos teóricos e práticos. “Nosso objetivo foi proporcionar a todos uma experiência dinâmica, permitindo uma troca de conhecimentos intensa e enriquecedora, fortalecendo a união e a interação entre todos os participantes”, conta a presidente do congresso, Dra. Leandra Metsavaht.
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