François Provost, que substituiu recentemente Luca de Meo na liderança da Renault, não tem meias palavras: “O Clio dispensa apresentações”, diz a uma pequena multidão de jornalistas, que se juntaram nesta segunda-feira, em Munique, para assistir à revelação mundial do modelo, à margem do IAA Mobility. Só que, tendo em conta que este Clio parece não ter nada a ver com o anterior, até pode vir a precisar de apresentação…

O chefe de design da Renault, Laurens van den Acker, confirma o facto de esta geração se afastar das precedentes, ao atestar que o Clio VI nasceu a partir de “uma folha em branco”. Uma decisão que, tendo em conta o facto de o modelo continuar a ser um best-seller (no primeiro semestre deste ano, mesmo com uma geração em fim de vida, foi o modelo mais vendido na Europa), parece confundir quem veio à cidade alemã para conhecer a novidade. Mas Van den Acker fala de uma janela de oportunidade, numa altura em que os rivais mais directos não têm previsto o lançamento de uma nova geração nos próximos tempos, sublinhando que a intenção é precisamente a de não perder a liderança do segmento. E para trás ficou a máxima “em equipa que ganha não se mexe”.




Renault Clio VI
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Renault Clio VI
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Aos 35 anos, o Clio apresenta-se, assim, totalmente redesenhado, com um estilo que reflecte a abordagem da marca ao design, que, no caso, se distingue por uma silhueta esculpida, ao mesmo tempo que pretende sobressair pela reinvenção do que é um automóvel compacto, e à tecnologia. Mas a estranheza não deixa de ser um dos sentimentos que se observa em quem o vê pela primeira vez, sobretudo pelas formas da dianteira, de capot redefinido e que incorpora uma grelha composta por pequenas aberturas no formato de losangos: na parte de cima, há uma centralizada boca, complementada, por baixo, por uma barra que abraça toda a frente.

Os narizes torcem-se e há quem não perceba a estética, mas Van den Acker não desarma: todas as decisões, diz, foram validades por grupos de teste, manifestando confiança no produto que almeja conquistar o topo do segmento. “O risco em alguns casos é não arriscar”, resume.

Já a nova assinatura luminosa, com grandes luzes diurnas que, em conjunto, formam o diamante do logótipo, completa-se com os faróis de projecção inseridos numa caixa preta, como uma vitrina.

O Clio VI está maior em todas as direcções — 4,12m (mais 67mm) de comprimento, com saliências alargadas para 1,77m (mais 39mm) de largura e uma altura que se fixou nos 1,45m (mais 11mm) —, exibindo um capot mais longo e uma ligeiramente esticada distância entre eixos, que passou para 2,59m, o que conjuga com uma linha de tejadilho dinâmica, pontificada por uma antena em forma de barbatana de tubarão e rematada por um spoiler integrado, a lembrar um coupé de toques desportivos. Há sete cores à escolha, incluindo as novas Absolute Red e Absolute Green.

Por dentro, a actualização também é notória, com a utilização de materiais reciclados e ambientes que podem ser determinados pela iluminação, com 48 opções disponíveis, estando disponível na versão Esprit Alpine tecido Alcântara. Consoante o acabamento, o painel de bordo está equipado com um ecrã duplo de 10,1 polegadas em forma de V, que beneficia de ter o sistema Google integrado, algo raro no segmento, apresentando-se com volante compacto, que inclui o botão Multi-Sense para escolher entre modos de condução.




Todas as informações estão dispostas de forma a facilitar a sua leitura por quem segue ao volante
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No habitáculo foi ainda dada primazia aos espaços de arrumação, passando a incluir uma consola central que integra um compartimento fechado com uma tampa articulada, enquanto a volumetria da mala dependerá do motor que dá vida à unidade — o máximo é de 391 litros.

Mas não foi apenas nas dimensões e na qualidade do habitáculo que o Clio foi reforçado. Aponta a marca que o modelo foi melhorado em todos os aspectos, incluindo a sua gama de motores, que adopta um novo híbrido de 160cv, que reúne um bloco de 1,8 litros a um motor eléctrico, ao mesmo tempo que anuncia um recorde de 89g de CO2/km e um consumo combinado de apenas 3,9 litros/100 km. Estes números reflectem uma poupança de até 40%, sobretudo porque, em ambiente urbano, diz a Renault, até 80% do tempo de condução será realizado em modo eléctrico. A gama inclui ainda renovados grupos motopropulsores, a gasolina de 115cv ou gasolina/GPL de 120cv (nesta nova geração apenas com caixa automática), ambos com o 1,2 litros de três cilindros, que, afiança a marca, apresentam melhorias no desempenho e na eficiência.

Assente sobre a plataforma CMF-B, o Clio, dizem os engenheiros da Renault, viu ainda reforçado o conforto, mas também o comportamento dinâmico — prova disso é a adopção de uma caixa de velocidades para o grupo motopropulsor E-Tech 160, que beneficia de tecnologia de Fórmula 1 e combina duas relações para o motor eléctrico e quatro relações para o motor de combustão — e os níveis de insonorização.

O novo Clio deverá começar a chegar entre o fim deste ano e o arranque de 2026, não havendo ainda preços anunciados.