A moção de censura foi anunciada na sexta-feira por Bruno Mascarenhas, deputado municipal do Chega e candidato à Câmara de Lisboa, e surge na sequência do descarrilamento do elevador da Glória, que fez 16 mortos.
O documento foi votado esta terça-feira entre os 75 deputados municipais e recebeu os votos contra do PSD, Iniciativa Liberal, MPT, Aliança e CDS. PS, Bloco de Esquerda, Livre, PCP e PAN abstiveram-se. Só o Chega votou a favor.
Durante a sessão na Assembleia Municipal de Lisboa (AML), o Chega afirmou que houve uma falha no dever de “garantir a segurança da cidade” e pediu que sejam assumidas as responsabilidades políticas.
Bruno Mascarenhas apontou o dedo à Câmara de Lisboa dizendo que o acidente do Ascensor da Glória “é um falhanço político e institucional”, porque o município “falhou no essencial: proteger a vida dos cidadãos”. Mascarenhas considera ainda que Carlos Moedas não pode continuar a governar como se nada tivesse acontecido.
De seguida, o líder da bancada do PSD na AML, Luís Newton, acusou Mascarenhas de estar “aqui para montar um circo à custa das 16 vítimas mortais”.
“Quando se usa um acidente com 16 mortos para montar um palco partidário, não estamos perante uma exigência de responsabilidade política, estamos perante uma irresponsabilidade política”, acrescentou. “Isso não é apenas inaceitável, é indigno”, acentuou Newton, também presidente da freguesia da Estrela.
António Morgado Valente, deputado municipal do PAN, considerou que “ainda não é o tempo de moção de censura” até porque a cidade ainda se encontra “numa fase de luto e de consternação”. “Aguardaremos pelos resultados da investigação”, sublinhou.
Para Natacha Amaro, deputada municipal do PCP, argumenta que Moedas “tirará as ilações que entender”, mas adverte que “dentro de um mês são realizadas eleições” e que o eleitorado irá fazer a avaliação política.
Rodrigo Mello de Gonçalves, deputado municipal da IL, “repudia totalmente o aproveitamento político à volta do acidente do Elevador da Glória”. E insiste que a moção de censura do Chega é “um exemplo claro” desse aproveitamento. E questionou: “Morreram 16 pessoas! Faz sentido estar a discutir uma moção de censura? O que faz sentido é apurar tudo, para que o que aconteceu não volte a acontecer”.
Para Carla Madeira, líder da bancada do PS na AML, o momento do acidente ainda está muito presente e por isso “exige alguma contenção na palavra”, deixando a crítica a Moedas por achar que o autarca “não tem tido” essa contenção.
No entanto, Madeira, ao anunciar a abstenção do Partido Socialista, disse que “o PS entende que este não é o momento para moções de censura nem para moções de confiança”. Porém, os socialistas “não se demitem do seu papel” e querem saber “a verdade com total transparência. Até porque, os lisboetas precisam de “recuperar a confiança no sistema de transportes da cidade”.
E deixa claro que “há erros técnicos que têm consequências políticas, mas primeiro temos de apurar os factos”
Moedas garante que não foge das responsabilidades
Após o chumbo da moção de censura do Chega a Moedas, o autarca discursou na Assembleia Municipal de Lisboa.
Carlos Moedas diz que não foge das responsabilidade políticas e sublinha que tem uma cidade para governar. O autarca refere ainda que a liderança não serve apenas para os bons momentos.
De acordo com o Regimento da Assembleia Municipal de Lisboa, as moções de censura “visam censurar a ação da câmara municipal” e servem para “tomar posição” sobre assuntos de interesse para o município, no âmbito da competência de fiscalização deste órgão, sem ter poder para destituir o executivo camarário.
c/Lusa