“A Europa está assim, a administrar esta decadência. A injetar dinheiro e a achar que injetar dinheiro resolve o problema, mas não resolve. Isto é exatamente aquela coisa de alguém que gasta, gasta, gasta, gasta, mas estão sempre a injetar-lhe mais dinheiro que vai continuando a gastar, vai gastando, até entrar numa espiral de crédito total que não tem qualquer possibilidade de se resolver. E esta decadência política, também já entrou numa espiral de decadência que não há nada que neste momento que se possa oferecer aos Estados e aos europeus a dizer – ‘ora muito bem, nós batemos no fundo, mas agora vamos reconstruir a Europa desta forma'”, aponta.

E foi a aversão a esta mesma ideia de crédito sobre crédito que levou à queda de François Bayrou. A ideia do ex-primeiro-ministro era que “todos devem contribuir para o esforço” e isso implicaria medidas como um congelamento nos apoios sociais ou uma nova “contribuição de solidariedade” para os mais ricos, bem como o corte de dois feriados: a segunda-feira da Páscoa e 8 de Maio, em que se comemorava a vitória na Segunda Guerra Mundial. A verdade por vezes dói e, neste caso, foi o ex-primeiro-ministro francês quem mais sofreu, mas certo é que quanto mais vezes for a França obrigada a financiar-se – a pedir empréstimos – mais juros terá de pagar, mais a crise se agrava e, por sua vez, mais as avaliações das agências de notação financeira caem. Posto isto, vem a troika, o FMI e a austeridade como todos o que em Portugal viviam em 2008 ainda se devem de recordar.

“Injeta-se dinheiro para tentar matar o problema que não se resolve e para o qual não se olha. É um bocado aquela coisa: anda-se a tentar curar uma doença grave como as aspirinas”, resume.

 

 

 

 

Se ela não concorrer, será o Bardelá e o Bardelá terá o caminho livre, caminho esse (9:48) que muito dele foi pavimentado pelo péssimo governo e pela péssima presidência que o (9:54) Macron fez, não em termos internacionais, em termos internacionais o Macron tem tentado (9:57) ser um líder e tem sido um líder importante para o projeto de salvaguarda e de proteção (10:02) e de defesa da Ucrânia.Mas internamente, como nunca teve um objeto, como nunca teve (10:08) uma definição de uma reconstrução económica e da importância da França no mundo, está (10:15) pavimentado. E, portanto, mais tarde ou mais cedo, em 27, teremos a Le Pen ou o Bardelá (10:22) no poder. O que vai ser um teste enorme, o que vai ser um teste enorme ao projeto europeu.

 

Porque a Le Pen, já o pai dela o tinha defendido, mas a Le Pen defende também, digamos, um (10:38) exit para a França, um freizeit, neste caso. Outra coisa, por exemplo, é também a questão (10:46) do próprio euro. Continuam a achar que não se deve garantir a segurança da Ucrânia, (10:52) nem continuar a apoiar a Ucrânia ad eternum, mas que teria que haver, efetivamente, negociações (10:58) diretas com Moscovo.

eleições em Inglaterra, em que o Farrage poderá ganhar as eleições. ns aqui dois países, que são um eixo importantíssimo, que vais ficar com a Alemanha (11:20) sozinha a tentar assegurar uma Europa unida.

a coesão da Europa será, isto é inevitável também, Nuno, será uma (11:34) vítima colateral da guerra da Ucrânia.

Se formos voltar ao Tratado de Mastres, vengamos que o Tratado de Mastres (12:18) era o grande futuro e era o grande projeto da União Europeia.Depois, no final dos anos (12:24) 90, disseram-nos que o Euro era o grande projeto da União Europeia. Hoje, mais tarde, veio (12:30) a questão, e principalmente depois das crises do subprime, que a coesão europeia passava (12:40) efetivamente, depois tivemos o Tratado de Lisboa e o Tratado de Lisboa ia resolver tudo, (12:46) e depois veio a ideia daquela bazuca para a reconstrução europeia. Mas tu não tens (12:50) um projeto hoje que liga os europeus.Qual é o futuro da Europa? Qual é que é o projeto europeu? Um jovem olha para a Europa e questiona: o que é que a Europa me oferece para o meu futuro?

Depois se se olhar para Portugal, Espanha, França, Holanda, Alemanha, vê-se que são países que estão  em crise económica, em crise política, com jovens cada vez mais empobrecidos, os (13:28) velhos cada vez mais sozinhos, problemas nos hospitais, problemas de pensões, a segurança (13:37) e tal. E depois, esta fúria alucinada que é o problema é todo dos imigrantes. O problema (13:43) não é todos os imigrantes, tomara a nós que os imigrantes vão embora porque senão (13:48) quem é que vai apanhar as batatas e as laranjas e tal.

a Europa está assim: a administrar esta decadência, injetando dinheiro, achar que o injetar dinheiro que resolve o problema, mas (14:10) não resolve. sto é exatamente aquela coisa que é o tipo que gasta, gasta, gasta, gasta, (14:15) mas estão sempre a injetar dinheiro e ele vai gastando, vai gastando, até entrar numa (14:19) espiral de crédito total que não tem qualquer possibilidade de se resolver. E esta decadência (14:26) política já entrou numa espiral de decadência que não há nada que neste momento tu possas (14:34) oferecer aos Estados e por consequente aos europeus a dizer, ora muito bem, nós batemos (14:41) no fundo, mas agora vamos reconstruir a Europa desta forma. A única solução era se nós (14:47) tivéssemos feito frente aos Estados Unidos na questão das tarifas, era se nós tivéssemos (14:53) aproveitado e voltássemos a olhar para o sul global.A Europa não faz nada com a África, (15:00) saiu completamente da África.

Nós não olhamos para mercado nenhum e estamos (15:22) reféns completamente dos Estados Unidos e não nos afirmamos nem econômica nem politicamente (15:27) e portanto, e mesmo na área da defesa, agora vamos ter que fazer um outsourcing de defesa (15:32) com a Ucrânia, ou seja, injetar dinheiro na Ucrânia para que a Ucrânia mantenha a linha (15:38) de segurança e a linha de guerra lá bem para longe, que é para os problemas não (15:45) chegarem à Europa.

tu injetas (15:50) dinheiro para tentar matar o problema que tu não resolves, não olhas. É um bocado (15:55) a cada coisa que é. Tu andas a tentar curar uma doença grave como as aspirinas.

 

janeiro a audiência de tribunal que vai decidir se a Marine Le Pen pode ou não pode concorrer e, nestes momento, obviamente que o que mais a Frente (4:04) Nacional queria neste momento era ter aqui umas eleições que lhe permitissem ser a (4:10) antecâmara das eleições presidenciais e a antecâmbra para a decisão de janeiro, (4:16) ou seja, que a sociedade, que as urnas pressionassem o Judiciário,

Protestos desta quarta-feira vão juntar mais de 100 mil pessoas e podem tornar-se um “cocktail molotov explosivo”. O especialista em Relações Internacionais, Miguel Baumgartner, teme que este seja o princípio do fim da coesão europeia

A crise económica francesa deu origem a uma crise política e está a um passo de se tornar uma crise social. Milhares de franceses vão manifestar-se esta quarta-feira nas ruas do país e nem a nomeação do novo primeiro-ministro na véspera – a quarta em menos de dois anos – demoveu os protestos. São esperadas mais de 100 mil pessoas, foram destacados mais de 80 mil polícias.

“A situação em França é caótica e é perigosa para a Europa. Está a ferro e fogo e, infelizmente, este presidente não tem mais mão, e pior ainda é que não tem um projeto para França, não tem nada para oferecer”, diz à CNN Portugal Miguel Baumgartner, especialista em Relações Internacionais.

Podemos, por isso, esperar “caixotes do lixo incendiados e carros virados ao contrário”, um “cocktail molotov explosivo”, porque a “a sociedade francesa está polarizada de uma forma cada vez mais brutal”. “Tanto este protesto como a greve geral prevista para a próxima semana vão paralisar França. E como França é um país que está no coração do continente vai paralisar parte da Europa”, antecipa o comentador da CNN Portugal.

A agência noticiosa Reuters avança que os protestos podem atingir aeroportos, estações de comboios e autoestradas com bloqueios ou atos de sabotagem.

A catadupa de acontecimentos que levou aos protestos teve início na dívida francesa – que já está nos 114% do PIB e é a terceira mais alta da União Europeia depois da grega e italiana. Perante este cenário, o até então primeiro-ministro François Bayrou apresentou um plano de austeridade com cortes a ascender a 44 mil milhões de euros, acompanhado de uma moção de confiança no parlamento que acabou por correr mal. O governo francês caiu uma vez mais, Macron recusou convocar eleições ou nomear um primeiro-ministro mais à esquerda, o que os analistas esperavam que acontecesse desta vez para apaziguar os ânimos dos Socialistas na Assembleia Nacional.

De nada valeu e de nada valeria. “Bloquear tudo” é o mote para a contestação desta quarta-feira.

Em França, os protestos têm e sempre tiveram uma dimensão diferente e, por isso, vão “ser um problema sério”, acredita Miguel Baumgartner. Na noite de 31 de maio, por exemplo, nem sequer havia uma contestação marcada e a situação rapidamente escalou quando o PSG conquistou a primeira Liga dos Campeões da sua história. A noite que deveria ter sido de festa deu lugar a uma madrugada de notícias que davam conta de dois mortos, 192 feridos e 559 detidos nos festejos.

Macron é o alvo

A segunda maior economia da Europa está a afundar-se e há cada vez mais franceses ansiosos por uma mudança, por verem “efetivamente algo a mudar”, cansados das “perdas de tempo” de Emmanuel Macron à frente dos destinos do país. São eles os rostos dos milhares de manifestantes mas não só. Atrás dos descontentes vem ainda “toda a extrema-direita de Marine Le Pen e Jordan Bardella”, parte da extrema-esquerda e, claro, os jovens, antevê Miguel Baumgartner.

A revolta é o culminar da junção “da recessão económica, da obrigatoriedade de aumentar os impostos – num país que já tem os maiores impostos da União Europeia -, do facto de se falar que não existe dinheiro suficiente nos próximos meses para pagar aos funcionários públicos, sendo que a França é o país da Europa que tem mais funcionários públicos, e da possibilidade da França ter de pedir um regaste ao FMI, como aconteceu com Sócrates”, diz o especialista em Relações Internacionais, sublinhando, porém, que este não é um problema exclusivamente francês: “Está a acontecer em toda a Europa, mas França tem sempre uma forma mais brutal e mais especial de o mostrar, é o cansaço das pessoas para políticos e políticas fracassadas.”

“Os jovens não têm perspectivas em França, saem cada vez mais tarde de casa dos pais – tal como em Portugal -, não conseguem trabalhos dignos, existe desemprego no país, existe uma população descontente porque não consegue ver um crescimento económico do país”, explica.

Com a nomeação do quarto primeiro-ministro desde que foi reeleito, há dois anos, é claro para Miguel Baumgartner que “Macron hoje não tem mais nada para oferecer e, neste momento, é efetivamente um presidente mas não é mais o presidente que toma decisões, está morto politicamente”. No entanto, o mandato do presidente francês só termina em 2027, pelo que “os protestos vão aumentar” e, esta quarta-feira, vamos assistir ao “descalabro de tudo isto”.

Na terça-feira, aliás, em pelo menos nove mesquitas francesas surgiram cabeças de porco, algumas com a inscrição Macron. A associação entre o presidente e os suínos não é nova e já tinha sido utilizada pelos descontentes nos protestos de 2023, quando Macron tentou forçar a reforma do sistema de pensões.

“Macron esvazia os porquinhos mealheiros para enriquecer os seus amigos, ‘os porcos gordos'”, pode ler-se no cartaz visto nos protestos de 2023 em França (Getty)

Mas Miguel Baumgartner acredita que “Macron vai resistir”, “não se vai demitir, não vai abandonar o cargo, porque seria o único presidente da Quinta República a fazê-lo”. E antecipa outro cenário: “Vai tentar fazer um golpe de força, possivelmente ao final do dia vai fazer uma declaração aos franceses, vai dizer que há distúrbios na rua, que isto é extrema-direita e extrema-esquerda, que ele é a única pessoa que pode trazer ordem e vai tentar convencer os socialistas franceses a fazer um governo de uma grande coligação – pelo menos para resistir até 2027.”

Primeiro França, depois UE

O presidente francês, neste momento, não tem o parlamento consigo e isto é um risco para a França, para a União Europeia e também para a Ucrânia. “Se Macron quiser aprovar um novo pacote de financiamento para a Ucrânia ou quiser aprovar o envio de tropas para a Ucrânia – todos aqueles princípios das garantias de segurança – não o vai conseguir fazer, porque como isto terá de passar pela Assembleia Nacional, onde Macron não tem maioria, depois deste descalabro político, vamos ter o presidente de França a dizer que apoiamos a Ucrânia, mas depois a Assembleia Nacional a não votar o apoio à Ucrânia.”

Quanto à UE, a chegada de Le Pen, Jordan Bardella e do Reagrupamento Nacional ao poder “é só uma questão de tempo”. Miguel Baumgartner recorda que Le Pen defende um Frexit, não gosta assim tanto da moeda comum e continua a defender que Bruxelas não deve continuar a apoiar a Ucrânia ad aeternum. Um cenário que se complica ainda mais perante a possibilidade de Nigel Farage chegar ao poder no Reino Unido e de os Países Baixos se virarem para a extrema-direita.

“A Alemanha sozinha a tentar assegurar uma Europa unida…”, teoriza Baumgartner, antecipando: “Isto é inevitável, a coesão da Europa será uma vítima colateral da guerra na Ucrânia.”