O activista de direita-radical norte-americano Charlie Kirk, uma das figura de proa do trumpismo e da promoção da invasão do Capitólio, em Janeiro de 2020, foi esta quarta-feira alvejado num evento na Universidade de Utah Valley.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o influencer conservador a ser atingido na zona do pescoço enquanto discursava perante centenas de pessoas, numa acção promovida pela Turning Point USA, organização fundada por Kirk.
Segundo uma fonte policial ouvida pela The Associated Press sob anonimato, Charlie Kirk, de 31 anos, foi hospitalizado e em estado crítico.
A ala conservadora da política americana e internacional recorreu de imediato às redes sociais para manifestar o apoio a Kirk, com desejos e pedidos de oração pela recuperação do radialista, apresentador do The Charlie Kirk Show. As mensagens de apoio foram encabeçadas por Donald Trump, com uma publicação na Truth Social, e pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
“Devemos todos rezar por Charlie Kirk, que foi baleado. Um grande tipo, de cima a baixo. DEUS O ABENÇOE”, escreveu o Presidente norte-americano na sua rede social.
Outros membros da Administração Trump disseram estar a orar por Kirk, como o vice-presidente J.D. Vance, que qualificou o activista conservador como “um tipo genuinamente bom e um jovem pai”, ou como a procuradora-geral Pam Bondi, que acrescentou que o FBI está no local a investigar o ataque.
O crime também suscitou declarações imediatas de condenação por parte de destacados membros do Partido Democrata. Gavin Newsom, governador da Califórnia e um dos mais proeminentes opositores de Trump, qualificou o ataque como “repugnante, vil e condenável”. Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado em Washington, disse estar a rezar por Kirk e pela sua família.
Josh Shapiro, governador democrata da Pensilvânia, e recentemente alvo de violência, tendo a sua residência sido incendiada, declarou que “o ataque a Charlie Kirk é horroroso” e que “este tipo crescente de violência inconsciente não pode ter lugar” na sociedade norte-americana.
“Não há lugar para a violência política no nosso país”, acrescentou. Uma frase consonante com a mensagem da antiga presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que condenou o “tiroteio terrível”. Em 2022, o marido de Pelosi foi violentamente atacado em casa por um assaltante que estaria à procura da democrata.
Hasan Piker, um influente comentador de esquerda que tinha um debate com Kirk marcado para dia 25 na universidade de Dartmouth, no New Hampshire, também condenou de imediato o ataque, apelando aos seus seguidores para não celebrarem nem ridicularizarem o crime. Piker expressou ainda o receio de actos de vingança na sequência deste incidente.
Novo episódio de violência política nos Estados Unidos
Os EUA têm sido palco de diversos actos de violência política nos últimos anos. A 13 Julho de 2024, em plena campanha para as eleições presidenciais, Donald Trump foi atingido a tiro numa orelha durante um comício em Butler, na Pensilvânia. Um apoiante do então candidato republicano morreu no ataque. O presumível autor, Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi abatido por agentes dos Serviços Secretos.
Este ano, em Junho, um homem disfarçado de agente da polícia matou uma deputada estadual democrata do Minnesota, Melissa Hortman, bem como o seu marido, e feriu gravemente o senador estadual democrata John Hoffman e a sua mulher. O atirador acabaria por ser detido dias depois.
Para além da invasão violenta do Capitólio por apoiantes de Trump a 6 de Janeiro de 2021, que resultou em várias mortes, os últimos anos ficaram também marcados pela agressão brutal de Paul Pelosi, marido da então líder dos democratas na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, em 2022, e pela desarticulação de um grupo que se preparava para raptar a governadora democrata do Michigan, Gretchen Whitmer, em 2020.
Em 2017, durante a primeira presidência de Trump, um extremista de esquerda baleou um grupo de congressistas e assessores republicanos durante um jogo de beisebol nos arredores de Washington. Anos antes, em 2011, no Arizona, a congressista democrata Gabby Giffords sobreviveu a outro ataque a tiro que vitimou mortalmente seis pessoas.