No passado dia 2 começou no Supremo Tribunal Federal do Brasil o julgamento de Jair Bolsonaro e dos seus principais colaboradores. O semanário The Economist dedica um editorial e uma longa reportagem a este caso. No título do editorial lê-se: “O que o Brasil pode ensinar à América”; e o subtítulo afirma que o julgamento de Bolsonaro “oferece uma lição de maturidade democrática”.

Recordo que Trump considerou o processo que levou Bolsonaro a julgamento uma “caça às bruxas”. Por causa disso, o presidente dos EUA fixou tarifas de 50% às importações vindas do Brasil. Neste número do Economist multiplicam-se, aliás, as críticas a Trump. O semanário britânico critica com severidade a posição do presidente dos EUA ao impor tarifas de 50% à Índia e ao Brasil, bem como ao ameaçar a independência da Reserva Federal.

Voltando ao caso Bolsonaro, o Economist não só elogia a maturidade democrática do Brasil como insere uma extensa reportagem sobre as manobras que levaram o ex-presidente brasileiro à barra do tribunal, reportagem assinada pela chefe do “bureau” do Economist no Brasil, Ana Lankes (uma exceção à tradição deste semanário de publicar textos não assinados).

Este trabalho jornalístico pinta a traços muito negros as iniciativas de Bolsonaro e dos seus apoiantes para tentarem impedir Lula de ocupar o lugar de presidente da República, que conquistara numa eleição que venceu por uma pequena margem.

De facto, não só Bolsonaro não aceitou a derrota eleitoral (uma característica da maneira de Trump fazer política) como se recusou a processar a transição para Lula, ausentando-se na Flórida. Mais grave, os seus principais apoiantes, com a sua concordância, terão preparado um golpe de Estado que implicava assassinatos, nomeadamente de Lula. O golpe não foi até ao fim, em boa parte porque elementos das Forças Armadas brasileiras se recusaram a colaborar.

Oxalá o elogio do Economist ajude a democracia brasileira a resistir às manobras dos seus adversários.