Uma das coisas que mais distinguia José Mourinho quando chegou a Inglaterra, após sagrar-se campeão europeu pelo FC Porto, eram os mind-games que o português utilizava, quase semana sim, semana… sim.
O treinador conseguia muitas vezes entrar na cabeça dos adversários e levá-los para uma posição que os deixava vulneráveis para depois as equipas de Mourinho saírem por cima.
Mas não era só com os adversários que o setubalense fazia esse tipo de jogos. E agora Steve Sidwell, médio que teve uma passagem fugaz pelo Chelsea de Mourinho, lembrou como foi usado por ele para enviar uma mensagem para a direção.
«Eu era médio e quando cheguei ele perguntou-me se eu me importava de ficar com a camisola 9. E eu disse que podia ser, porque pensava que ele me estava a testar», começou por relatar, à Sky Sports.
Apresentação de José Mourinho no Chelsea. Foto: A BOLA
«Depois, deram-me mesmo o número 9 e quando eu contei aos meus amigos, eles nem queriam acreditar, afinal eu não era avançado», acrescentou.
Na altura, com 25 anos, Sidwell não ter percebido tudo o que estava por detrás daquela decisão inesperada do treinador português. Mas hoje, com 42 anos, não tem qualquer dúvida.
«Ele dar-me a camisola 9 foi uma forma do José enviar uma mensagem para a direção. Porque ele queria comprar um avançado, eles não lhe deram dinheiro, por isso ele decidiu dar o número 9 a um jogador que tinha chegado a custo zero do Reading», nota, sorridente.
Certo é que a corda não demoraria muito a partir. Após oito jogos no início dessa época de 2007/08, Mourinho deixou os blues, por quem tinha conquistado duas vezes a Premier League. E Sidwell, o número 9 improvisado também só ficou essa temporada no clube, apontando um golo em 25 jogos para justificar o peso da camisola que envergava.