O ataque que visou na terça-feira um barco da flotilha para a Faixa de Gaza, ancorado perto de Tunis, foi “uma agressão premeditada”, afirmou na quarta-feira o Ministério do Interior tunisino.

Em comunicado, o Ministério indicou que estava a fazer uma investigação para “fazer toda a luz” sobre o caso, para que “a opinião pública no mundo inteiro, e não apenas na Tunísia, seja informada sobre os que planificaram [o ataque], os cúmplices e os executantes desta agressão”.

A Global Sumud Flotilla, que se encontra ao largo de Sidi Bou Saïd, perto de Tunis, afirmou que que dois dos seus barcos tinham sido alvo de “ataques de drones”, respectivamente na segunda-feira à noite e terça-feira à noite.

Depois do primeiro anúncio, a Guarda Nacional tunisina tinha desmentido a ocorrência de um ataque. Tinha então avançado a hipótese de o fogo a bordo ter sido provocado por um cigarro.

“Dissemos desde o primeiro dia (…) que era um ataque claramente premeditado”, disse à AFP um dos organizadores tunisinos da flotilha, Ghassen Henchiri, em reacção ao comunicado. “As autoridades são livres de identificar ou não o culpado. Nós dizemos que ninguém no mundo tem interesse em atacar a flotilha, com excepção de Israel”, acrescentou.

A AFP solicitou um comentário aos militares israelitas, depois do primeiro anúncio, na noite de segunda para terça-feira, solicitação que ainda está sem resposta.

Entretanto, a flotilha adiou a sua partida para o território palestiniano, anunciou na quarta-feira um dos seus principais organizadores, o brasileiro Thiago Avila.

“Dir-vos-emos qual é o melhor momento para nos fazermos ao ar, em função da meteorologia”, disse, através de megafone, a uma multidão reunida em Sidi Bou Saïd. “Esperamos partir amanhã (quinta-feira) de manhã”, disse, entretanto, à AFP.

A incerteza pairou todo o dia sobre o programa, entre razões de segurança, depois dos ataques à flotilha, atrasos nos preparativos em alguns barcos e meteorologia desfavorável.

Se os barcos partirem na manhã de quinta-feira, não será ainda para a Faixa de Gaza, mas para o porto de Bizerte, no norte tunisino, disseram à AFP vários participantes, para permitir que os navios que ainda não estão prontos o fiquem.

Nos últimos dias chegaram à capital tunisina várias embarcações provenientes de Barcelona e são ainda esperados outros, para uma partida colectiva para a Faixa de Gaza.

Entre os participantes na flotilha, provenientes de dezenas de países, está a ecologista sueca Greta Thunberg e, de Portugal, Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte.