Considero-me um amante da natureza. Gosto de árvores, de água, da fauna em geral. Admiro paisagens. Penso que o verde é a mais bonita dentre as cores. Significa vida, renovação, pertencimento aos ciclos da Terra. Mas uso o verbete “amante”, em sentido metafórico. Já a escritora polonesa Agnieszka Szpila escreveu um livro insólito. Chama-se “Feitiços; Fazer Amor com Árvores”.
Ela tem três filhas e as primeiras, gêmeas, nasceram com grau elevado do espectro autismo. Ela se indispõe com as autoridades de seu país diante de algumas dificuldades que encontra para prosseguir no tratamento das filhas. Algo que não ocorreria na capital paulistana, onde o Prefeito Ricardo Nunes inaugura TEAs, instituições municipais encarregadas de propiciar aos autistas e suas famílias toda a assistência possível.
Mas o livro de Szpila é repleto de realismo mágico. Diz ela que é a única forma de se lutar contra a imaginação. “Não acho que possamos mudar nada no mundo sem a imaginação, que não é muito usada pelas pessoas que estão no poder”.
O realismo da polonesa incursiona pela verve ecológica e revela a história de mulheres que fazem amor com a Terra, sugadas para dentro de suas fendas. A metáfora é instigante. Se não cuidarmos do planeta, seremos, de fato, engolidos pelas tragédias provocadas por nossa ganância, pela cupidez, pelos contínuos maus tratos infligidos a este nosso único e irrecusável habitat.
Não deixa de ser um libelo para que amemos a Terra, com atitudes positivas como aquela exercida pelos plantadores. Em lugar de sermos fabricantes de desertos, sejamos reflorestadores. Aqueles que devolvem à Terra tudo aquilo que vimos dela subtraindo através dos séculos e que nos levaram a esta policrise dramática, que apenas o cego e surdo, a ignorância total do negacionismo não quer enxergar e ouvir.
Amemos a Terra. “Fazer amor com ela” é semear, plantar, ver germinar, acompanhar o crescimento, fiscalizar para que se desenvolva, proteger a flora que integra a maior biodiversidade deste planeta. Isso é, realmente, amar a Terra.