Apoiar a indústria europeia no desenvolvimento de automóveis pequenos e económicos foi um dos temas abordados pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no seu discurso sobre o Estado da União, nesta quarta-feira.
Von der Leyen garantiu estar disposta a colaborar com os patrões da indústria automóvel para desenvolver um E-car — o “e” simboliza ambiental (“environmental”, em inglês), económico e europeu —, “construído aqui na Europa, com cadeias de abastecimento europeias”. Isto porque, sublinhou a responsável, “não podemos deixar que a China e outros conquistem este mercado”, garantindo que “aconteça o que acontecer, o futuro é eléctrico”.
Frisando que a indústria automóvel “é um pilar da nossa economia e da nossa indústria”, dependendo dela “milhões de postos de trabalho”, Von der Leyen lembrou que “no início deste ano, [a Comissão Europeia deu] mais flexibilidade ao sector para atingir os seus objectivos para 2025”, adiantando que está a ser preparada “a revisão de 2035”.
O anúncio de Ursula von der Leyen da criação de uma iniciativa chamada Small Affordable Cars (Carros Pequenos a Preços Acessíveis) parece dar resposta ao apelo que Stellantis e Grupo Renault fizeram em conjunto, em Maio deste ano, quando o presidente-executivo (CEO) da primeira, John Elkann, e o director-geral da segunda, Luca de Meo, instaram a União Europeia a adoptar regras mais favoráveis para os automóveis pequenos, alertando para o facto de o declínio da rentabilidade daqueles poder forçar o encerramento de fábricas.
Na altura, numa entrevista conjunta ao jornal francês Le Figaro, Elkann e De Meo acrescentaram que a França, a Itália e a Espanha deveriam liderar os esforços, uma vez que a procura de automóveis mais pequenos e mais acessíveis é mais elevada nestes países. No entanto, não forneceram pormenores sobre as regras que pretendem ver aplicadas aos automóveis pequenos.
“O que estamos a pedir é uma regulamentação diferenciada para os veículos mais pequenos. Existem demasiadas regras concebidas para os automóveis maiores e mais caros, o que significa que não podemos fabricar automóveis mais pequenos em condições de rentabilidade aceitáveis”, afirmou De Meo.
Entretanto, a Stellantis já reagiu “com grande satisfação” às últimas declarações de Von der Leyen, já que, justifica, “automóveis pequenos e acessíveis significam ar mais limpo, estradas mais seguras, aumento da produção industrial e descarbonização mais rápida”, deixando sugestões específicas para pôr o plano Small Affordable Cars em marcha, entre as quais supercréditos para pequenos veículos eléctricos a bateria (BEV), regulamentação simplificada e a criação de uma nova categoria de automóveis pequenos europeus, inspirada no conceito japonês de kei-car.