Apesar de não ser a banda mais consistente no cenário do rock alternativo, o Twenty One Pilots vinha de um crescimento artístico notável com Clancy – disco que muitos fãs consideravam o ápice de sua jornada. Agora, o duo apresenta Breach: a que, apressadamente, encerra a narrativa construída ao longo de uma década, mas sem a mesma coesão e confiança dos trabalhos anteriores.

A sonoridade de Breach é, paradoxalmente, um dos pontos mais elogiados e criticados. De um lado, há quem a considere uma abordagem mais sombria, focada e propositalmente “bruta”, com baixos intensos e tons de guitarra esfumaçados. Por outro, o álbum é visto como um projeto que carece de identidade, soando como uma tentativa frustrada de evocar a nostalgia de álbuns como Blurryface. É um trabalho que busca o som de arena, mas que acaba sendo percebido como um álbum pop decente, apenas.

O TMDQA! ouviu o disco em antecipado, e detalha para vocês a respeito. Vamos lá?

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Falha de execução

“City Walls” e “RAWFEAR” abrem o álbum como um manifesto sonoro que, para muitos, prometia um projeto memorável. As duas faixas apresentam ótima produção e um groove envolvente, prometendo um caminho ousado e emocionante – usual dos trabalhos de Tyler Joseph e Josh Dun. Infelizmente, a promessa não é cumprida, e o restante da jornada se torna uma coleção de músicas que não se sustentam.

O grande tema de Breach é a conclusão da narrativa, mas a execução falha. O álbum parece uma tentativa forçada de finalizar a história da banda, impulsionada pela pressão dos fãs. A canção “Intentions”, que encerra o álbum, se torna um fechamento fraco e sem propósito, uma vez que a história já poderia ter terminado em Clancy. Enquanto uma faixa anterior como “Paladin Strait” deixava um final em aberto, aqui vemos dizer: “Opa! O ciclo continua”, o que torna o projeto praticamente inútil para a narrativa.

Sua exploração sonora também divide opiniões: ao mesmo tempo que soa propositalmente “bruta”, também aparenta exageradamente produzida, com elementos sintéticos que tiram o brilho dos instrumentos. A mixagem entra em uma linha “oito ou oitenta” e as faixas desiguais cansam, como um compilado de descartes dos últimos anos.

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Twenty One Pilots: capazes de mais

Analisando o repertório, é possível notar as discrepâncias. “The Contract” é polarizante; enquanto alguns a adoram, outros a consideram como uma das piores faixas da dupla. Músicas como “Robot Voices” e “One Way” também não se salvam, trazendo rítmica nada inovadora.

Mas, claro, o álbum tem alguns pontos altos, como “Drum Show”, importante por ter os vocais de Josh Dun – porém digna de atingir um potencial ainda maior. “Center Mass” também destaca-se por sonoridade e rimas de Joseph.

Em suma, Breach é a síntese de uma promessa não cumprida. Embora tenha seus pontos fortes – como as faixas iniciais e o flerte com uma sonoridade mais escura – o álbum não funciona como um todo. Ele falha em entregar uma conclusão satisfatória para a lore da banda e se perde na busca por nostalgia.

O resultado final é uma experiência decepcionante que, para muitos, não passa de um punhado de “lados B” do último disco. Em termos de continuidade narrativa, o álbum fracassa – um trabalho para ouvir apenas as primeiras músicas e ignorar o resto.

★★★ (3/5)

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