O Apple Watch Ultra 3, por sua vez, ganhou a capacidade de comunicação por satélite em caso de emergência, o segundo do género depois do recém-chegado Pixel Watch 4, e tem a maior e mais brilhante tela de sempre num Apple Watch. Em termos de autonomia, a Apple promete que o Ultra 3 aguenta “vários dias” com apenas um carregamento.

Os AirPods Pro 3 também foram apresentados. Os novos auriculares vêm com um novo processador, um sistema de cancelamento de ruído melhorado, e a funcionalidade de tradução em tempo real através da IA, além da monitorização de ritmo cardíaco durante os treinos.

A desilusão do mercado não é de hoje

O comportamento do mercado financeiro foi influenciado por vários fatores, com analistas e investidores a manifestarem desilusão com a falta de inovações disruptivas. Este sentimento, de resto, não é novo. Nos últimos cinco anos, a gestão do CEO Tim Cook tem sido frequentemente criticada por “jogar pelo seguro” e focar-se em melhorias incrementais em vez de criar novas categorias de produtos, como fazia Steve Jobs. Alguns analistas, como Craig Moffett, da Moffett Nathanson, chegaram já a afirmar que a Apple “não está preparada” para a próxima grande onda de inovação.

A saída de Jony Ive em 2019, o lendário designer da Apple, é vista por muitos como um ponto de viragem. De acordo com o diário The Wall Street Journal, Ive saiu em parte devido à sua frustração com a gestão de Cook, que estaria mais focada em eficiência operacional e lucros do que em design e inovação. A sua saída, juntamente com a crescente afluência de executivos com formação em finanças para posições de destaque, consolidou uma cultura de “segurança” que fez da Apple um gigante financeiro, mas diminuiu o papel da empresa enquanto inovadora tecnológica. Foi uma estratégia que, a curto prazo, levou a companhia a tornar-se a mais valiosa do mundo – a Apple alcançou o pico do seu valor, superior a 3 mil milhões de milhões de dólares (cerca de 2,55 mil milhões de milhões de euros), no início de 2022 – e a atrair investidores de peso, como Warren Buffett. Agora, ultrapassada pela Microsoft e pela Nvidia, a maçã parece ter perdido qualquer motor para inovações disruptivas. E até Buffett já vendeu as suas ações na companhia,

Aliás, ao contrário do evento do ano passado, em que a Apple Intelligence foi o foco central do lançamento, este ano a Apple não deu grande protagonismo à sua estratégia de Inteligência Artificial. O facto de a IA apenas ter surgido em funcionalidades pontuais – como a tradução em tempo real nos AirPods, no melhoramento fotográfico e o processamento de dados de saúde nos relógios – contribuiu para um sentimento de que o evento foi mais focado no hardware do que em quaisquer inovações de software.

Claro que resta saber como os clientes reagirão. Se as vendas dos iPhones, o grande “cavalo de batalha” da marca, se mantiverem elevadas, então a bolsa está errada e o consumidor afinal não quer IA nos seus telefones – “mais do mesmo” com um embrulho um pouco mais sofisticado é suficiente. Nessa altura, os investidores regressarão naturalmente.