O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos irão ripostar, sem especificar como, depois de o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro ter sido condenado por planear um golpe para permanecer no poder depois de perder as eleições de 2022.

“As perseguições políticas pelo violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, já que ele e outros no Supremo Tribunal Federal​ decidiram injustamente prender o ex-Presidente Jair Bolsonaro”, escreveu Rubio no X.

“Os Estados Unidos responderão em conformidade a essa caça às bruxas”, completou.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil classificou o comentário de Rubio como uma ameaça que “ataca a autoridade brasileira e ignora os factos e as contundentes provas dos autos”. O ministério disse ainda que a democracia brasileira não será intimidada pelos Estados Unidos.

Bolsonaro, que tinha laços estreitos com o Presidente dos EUA, Donald Trump, durante o primeiro mandato deste na Casa Branca, tornou-se o primeiro ex-presidente da História do Brasil a ser condenado por atentar contra a democracia, depois de a maioria dos cinco juízes do Supremo Tribunal Federal brasileiro ter votado a favor da sua condenação, nesta quinta-feira, e definido uma pena de 27 anos e três meses de prisão.

“Bem, eu assisti a esse julgamento. Conheço-o muito bem — um líder estrangeiro. Achei que ele era um bom Presidente do Brasil e é muito surpreendente que possa acontecer o mesmo que tentaram fazer comigo, mas que não conseguiram”, disse Trump aos jornalistas quando questionado sobre o facto de Bolsonaro ter sido considerado culpado e se isso significaria sanções adicionais.

“Mas posso sempre dizer isto: eu conheci-o como Presidente do Brasil. Ele era um bom homem e não estou a ver isso acontecer.”

Trump, que também enfrentou uma variedade de acusações criminais e acabou por se tornar o primeiro ex-Presidente dos EUA condenado, criticou o sistema judicial brasileiro e ameaçou o país sul-americano​ com tarifas.

Em Julho, Trump impôs tarifas de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros para combater o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Mais tarde, isentou algumas exportações brasileiras, incluindo veículos de passageiros e um grande número de peças e componentes utilizados em aeronaves civis.

No mesmo mês, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que presidiu o processo criminal de Bolsonaro, acusando-o de autorizar detenções arbitrárias antes do julgamento e de atentar contra a liberdade de expressão.