Imagine saber, com uma simples coleta de sangue, que você está em risco de desenvolver um câncer nos próximos anos, muito antes de qualquer sintoma aparecer. Essa possibilidade está mais próxima da realidade graças ao HPV-DeepSeek, um teste revolucionário desenvolvido por cientistas da Universidade de Harvard e do Mass General Brigham, nos Estados Unidos. Publicado nesta terça-feira no Journal of the National Cancer Institute, o estudo mostra que o exame consegue identificar cânceres de cabeça e pescoço associados ao papilomavírus humano (HPV) até 10 anos antes do diagnóstico clínico.

O HPV-DeepSeek é uma biópsia líquida que utiliza sequenciamento genômico completo para detectar fragmentos microscópicos de DNA do HPV liberados por tumores na corrente sanguínea. Segundo o Mass General Brigham, combinando essa tecnologia com inteligência artificial, o teste oferece uma precisão impressionante na identificação da doença em estágios iniciais.

Em uma análise de 56 amostras de sangue, o teste detectou DNA tumoral de HPV em 22 dos 28 pacientes que desenvolveriam câncer anos depois, enquanto nenhuma das amostras de controle apresentou resultados positivos.

O impacto da detecção precoce

A detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento do câncer. Ao identificar a doença em estágios iniciais, é possível adotar terapias menos agressivas, reduzindo efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

O oncologista Daniel Faden, líder do estudo, destaca que, atualmente, os pacientes geralmente buscam atendimento médico após o tumor já ter crescido e se espalhado, exigindo tratamentos mais intensos. Com ferramentas como o HPV-DeepSeek, espera-se que intervenções mais precoces possam ser realizadas, proporcionando melhores perspectivas para os pacientes.

Apesar dos resultados promissores, de acordo com o Inside Precision Medicine, os pesquisadores enfatizam que os dados ainda são preliminares e que o HPV-DeepSeek não está disponível como um teste clínico padrão. Atualmente, a equipe está conduzindo um segundo estudo cego, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), utilizando centenas de amostras coletadas como parte do estudo PLCO do Instituto Nacional do Câncer. O objetivo é confirmar a eficácia e a robustez do teste em um grupo maior, visando sua eventual implementação clínica.