O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) condenou esta quinta-feira o ataque israelita a Doha, capital do Qatar, numa declaração que contou com o apoio de todos os 15 membros — incluindo os Estados Unidos.

Os membros do conselho expressaram a sua condenação pela ofensiva israelita contra “o território de um mediador fundamental”, lamentando a “perda de vidas civis”. A declaração, que sublinha a importância da desescalada da violência e realça o papel que o Qatar tem desempenhado nos esforços pela paz na região, destaca-se também pela ausência de qualquer menção directa ao país agressor.

Israel reivindicou os bombardeamentos de terça-feira no bairro de Katara, em Doha, que visaram uma delegação do Hamas reunida para avaliar a última proposta para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, apresentado pelos Estados Unidos.


A declaração refere, por outro lado, o Hamas, o grupo armado palestiniano que Israel pretende extinguir, ao mencionar ser a “principal prioridade” do Conselho de Segurança da ONU a “libertação dos reféns, incluindo aqueles mortos pelo Hamas, e o fim da guerra e do sofrimento em Gaza”.

O apoio dos Estados Unidos à declaração, que requeria consenso para ser aprovada, está em linha com as declarações de Washington em reacção ao ataque. Apesar de tradicionalmente proteger Israel nas Nações Unidas, Donald Trump terá ficado desagradado com a ofensiva ordenada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, justificando a tomada de posição norte-americana.

Perante os restantes membros do Conselho de Segurança, a embaixadora interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, descreveu o ataque em Doha como “lamentável” e uma acção que “não promove os objectivos dos Estados Unidos ou de Israel”.

A ruptura, pelo menos no que concerne a este tema, dos Estados Unidos com Israel acontece no mesmo dia em que a Bloomberg News avançou a intenção do Governo alemão de apoiar uma proposta francesa da solução de dois Estados para a resolução do conflito.

De acordo com fontes anónimas, a Alemanha planeia apoiar esta sexta-feira uma resolução da ONU que adopta uma declaração, liderada pela França e pela Arábia Saudita.

Entretanto, continuam os ataques israelitas na Faixa de Gaza, que esta quinta-feira mataram pelo menos 53 pessoas — 39 na cidade de Gaza, onde o Exército de Israel continua a avançar, procurando expulsar a população.