Com o calor dos últimos dias, reacende-se uma questão antiga que visa a segurança dos protetores solares. Será que são prejudiciais e causam cancro?
Essenciais nos dias de verão, mas, também, durante todo o ano, quando o sol parece escondido e inofensivo, os protetores solares são alvo de ceticismo pelos consumidores a quem foi dito que este tipo de produto causa cancro.
Para desmistificar esta crença, o website europeu Euronews falou com Angela Tewari, porta-voz da British Skin Foundation.
Mitos sobre o protetor solar desmistificados
Primeiro, alguns utilizadores online afirmaram que a presença de substâncias químicas como oxibenzona e octocrileno nos protetores solares torna a sua utilização perigosa, alegando que essas substâncias químicas podem causar desequilíbrios hormonais.
De facto, os protetores solares contêm vários ingredientes que atuam como filtros, incluindo filtros naturais, filtros minerais e filtros químicos.
Contudo, segundo Tewari, ao website noticioso, “estas alegações baseiam-se em dados que surgiram há alguns anos e que suscitaram preocupações quanto ao facto de a oxibenzona poder atuar como um desregulador hormonal”.
Embora alguns estudos tenham concluído que os ratos alimentados com oxibenzona sofreram perturbações hormonais, um artigo publicado em 2017 pelo Journal of the American Academy of Dermatology concluiu que um indivíduo teria de aplicar protetor solar durante 277 anos para sentir um efeito semelhante.
Os protetores solares existem desde a década de 1930 e, desde então, os filtros que os compõem sofreram grandes alterações. Isto baseia-se na investigação e nos novos dados que vão surgindo. Se olharmos para as grandes marcas atuais, muitas já não utilizam filtros como a oxibenzona.
Depois, no X, uma publicação que foi vista 1,2 milhões de vezes alega que as taxas de incidência de melanoma “começaram a disparar” após a criação do protetor solar, afirmando que as pessoas culpam “o sol em vez dos produtos químicos tóxicos presentes no protetor solar”.
Segundo a mesma especialista, “não existem dados que demonstrem que os protetores solares causam cancro da pele; isso não é verdade”.
A maioria dos melanomas é causada pela exposição crónica ao sol e pelas queimaduras solares. As pessoas podem proteger-se das queimaduras solares reduzindo o tempo de exposição ao sol, usando roupas adequadas, e isso inclui o uso de protetor solar adequado.
Outra publicação, que foi vista quase 50.000 vezes no X, partilha um gráfico que mostra uma alegada correlação entre o número crescente de casos de cancro da pele no Connecticut, nos Estados Unidos, e a introdução de protetores solares que contêm determinados ingredientes.
Um porta-voz do Departamento de Saúde Pública do Connecticut contou que “o gráfico atribui corretamente os dados reais da tendência da incidência de cancro, mas a adição das caixas de texto ao gráfico, destacando o momento em que diferentes protetores solares foram introduzidos, não foi feita por nós”.
Noutro exemplo, numa publicação que já foi vista 2,4 milhões de vezes, um utilizador afirma que “a luz solar aumenta a produção de vitamina D no nosso corpo, que combate o cancro; e o protetor solar está cheio de químicos que causam cancro”.
De acordo com Tewari, “o espetro de ação da síntese da vitamina D é muito mais baixo do que o espetro de ação da vermelhidão e das queimaduras solares, o que significa que é necessário muito menos exposição ao sol para obter a produção de vitamina D”.
Assim sendo, faça chuva ou faça sol, a utilização de protetor solar ajuda, entre outras coisas, na prevenção do cancro da pele e na proteção contra queimaduras solares.
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