O fatídico 11 de setembro de 2001 começou com um dia normal. Nova-iorquinos seguiram seus caminhos para o trabalho, comissários de bordo pegaram seus voos, executivos foram para seus escritórios.
Mas tudo mudou às 8h19 da manhã, quando a comissária de bordo Betty Ong fez o primeiro telefonema sobre o atentado terrorista. Betty estava no voo 11 da American Airlines — que havia sido violentamente sequestrado por cinco terroristas da Al-Qaeda.
Acho que estamos sendo sequestrados”, disse Ong em sua ligação para o balcão de reservas da AA, logo após a decolagem do Aeroporto Internacional Logan, em Boston.
Conforme o dia ia se desenrolando, outras ligações relacionadas ao atentado aconteceram. De alertas até despedidas, essas chamadas ajudam a contar um pouco mais sobre o ataque que derrubou as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Veja!
O adeus apaixonado
Na manhã de 11 de setembro, o ex-piloto e instrutor Brian Sweeney se despediu de sua esposa, Julie, e partiu para pegar um voo de Boston para Los Angeles. As viagens já eram algo rotineiro no trabalho de Brian, que fazia o percurso uma vez ao mês. Mas naquele dia, as coisas seriam diferentes.
Ele embarcou no voo 175 da United Airlines, que decolou às 8h14. O voo, inicialmente, tinha como destino a Califórnia, mas cerca de meia-hora depois, o avião fez uma curva não planeada. O voo foi sequestrado e seguiu direto para a Torre Sul do World Trade Center.
Brian e Julie Sweeney – 911memorial.org
Quando Brian entendeu o cenário, pegou o telefone fixo no banco do avião e ligou para sua esposa, que era professora e estava em sala de aula. Na caixa postal, ele deixou a mensagem de voz:
Jules, aqui é o Brian. Escuta, estou em um avião que foi sequestrado. Se as coisas não correrem bem, e não parece que está tudo bem, só quero que você saiba que eu te amo muito. Quero que você se saia bem, que se divirta. O mesmo vale para meus pais e todo mundo… Eu te amo muito, e te vejo quando você chegar lá. Tchau, querida. Espero te ligar.”
Relatos da comissária
Como já dito, os primeiros relatos sobre o atentado vieram de Betty Ong. Ela aproveitou seus últimos momentos para alertar o mundo sobre o que estava acontecendo .
“Número 3 lá atrás. A cabine não está respondendo. Alguém foi esfaqueado na classe executiva. E acho que tem spray de pimenta… não conseguimos respirar. Não sei. Acho que estamos sendo sequestrados”, disse Ong em sua primeira ligação cerca de 20 minutos depois que o avião decolou de Boston a caminho de Los Angeles.
Betty Ong – Arquivo Pessoal
Este foi o primeiro indício de que algo estava errado nos céus. “Nosso Número 1 foi esfaqueado”, disse Ong.
Nosso comissário de bordo foi esfaqueado. Ah, ninguém sabe quem esfaqueou quem e não podemos nem subir para a classe executiva agora porque ninguém consegue respirar. Nosso Número 1 está, está esfaqueado agora… e não conseguimos chegar à cabine, a porta não abre.”
Em um momento posterior da ligação, Ong pediu ao pessoal em terra para “rezem por nós”.
Chamado de desespero
Melissa Doi, de 32 anos, trabalhava no 83º andar da Torre Sul naquele 11 de setembro — assim como fazia todos os outros dias. Às 8h46, ao ouvir um estrondo, evacuou seu escritório pensando que uma bomba tivesse explodido.
Ao Ossining Daily Voice, posteriormente, seu primo contou que ela e seus colegas desceram até o 44º andar. Mas quando foram informados que tudo estava seguro, eles voltaram para o escritório.
Porém, pouco depois das 9 horas da manhã, o voo 175 da United Airlines colidiu com a Torre Sul. A colisão ocorreu entre os andares 77 e 85, deixando Doi e os demais presos. Ela, então, ligou para a emergência (911).
Santa Maria, mãe de Deus”, gritou ao telefone às 9h17, quando foi atendida. “Estou no 83º andar… Será que… será que eles vão conseguir trazer alguém aqui?”. Do outro lado da linha, o operador tentava acalmá-la.
Melissa Doi – Arquivo Pessoal
“Bem, ainda não tem ninguém aqui e o chão está completamente submerso. Estamos no chão e não conseguimos respirar”, prosseguiu. “E está muito, muito, muito quente.”
“Eu vou morrer, não é?… Eu vou morrer”, gritava. O operador da emergência dizia “não” repetidamente e tentava oferecer suporte à ela. “Senhora, reze… A senhora precisa pensar positivo, porque vocês precisam se ajudar a sair do chão.”
“Meu Deus, está tão quente. Estou queimando”, disse Doi pela última vez. Embora tenha parado de responder, o operador ainda ficou na linha mais 20 minutos chamando o nome da mulher, que nunca mais respondeu. A Torre Sul desabou às 9h59.
Se despedindo dos pais
Bradley Fetchet, de 24 anos, trabalhava no 89º andar da Torre Sul quando viu um avião atingir a Torre Norte às 8h46. Ele ligou para seus pais cerca de 10 minutos depois. Ao seu pai, Frank, contou tudo o que tinha acontecido. Para sua mãe, Mary, conseguiu apenas deixar uma mensagem de voz.
“Oi, mãe, é o Brad. Só queria ligar para avisar. Tenho certeza de que você ouviu falar… ou talvez não tenha ouvido… que um avião caiu no World Trade Center Um. Estamos bem. Estamos no World Trade Center Dois. Obviamente, estou vivo e bem aqui”.
Bradley Fetchet – Universidade Bucknell
Mas, obviamente, foi uma experiência bem assustadora. Vi um cara cair provavelmente do 91º andar… lá embaixo… Pode ligar aqui. Acho que vamos ficar aqui o dia todo. Não tenho certeza se a empresa vai fechar hoje ou o quê. Mas… me liga mais tarde. Liguei para o papai para avisar. Te amo.”
Minutos depois de gravar a mensagem, o voo 175 caiu na Torre Sul, entre os andares 77 e 85. Fetchet ficou preso e não conseguiu sair.
Relatos de dentro do avião
Amy Sweeney era outra comissária de bordo que também trabalhava no 11 de setembro de 2001. Junto com Ong, ela embarcou no voo 11 da American Airlines, que decolou às 7h59. Após cerca de 15 minutos, terroristas da Al-Qaeda no avião tomaram conta da aeronave.
Após o chamado de Betty, ela também pediu ajuda ao gerente de serviços de voo da American Airlines, Michael Woodward, um amigo e colega que estava servindo no Aeroporto Internacional Logan, em Boston.
“Este avião foi sequestrado”, disse Sweeney, conforme repercutido pelo Los Angeles Times.
“Dois comissários de bordo foram esfaqueados”, continuou Sweeney. “Um sequestrador também cortou a garganta de um passageiro da classe executiva, e ele parece estar morto”.
Madeline Amy Sweeney – 911 Memorial
Amy descreveu que os quatro sequestrados eram do Oriente Médio (na verdade, eram cinco os conspiradores), a maioria dos quais estava na classe executiva. Sweeney passou cerca de 20 minutos repassando informações cruciais do voo.
Eu vejo água. Eu vejo prédios”, disse Sweeney a Woodward. “Eu vejo prédios! Estamos voando baixo. Estamos voando muito, muito baixo. Estamos voando baixo demais. Meu Deus, estamos voando baixo demais. Meu Deus!”.
Às 8h46, o voo 11 da American Airlines caiu na Torre Norte, matando Sweeney e todos os outros a bordo do avião.
Jornalista de formação, curioso de nascença, escrevo desde eventos históricos até personagens únicos e inspiradores. Entusiasta por entender a sociedade através do esporte. Vez ou outra você também pode me achar no impresso!