A poucos dias de mais uma reunião da Reserva Federal (Fed) em que irá ser decidido o rumo das taxas de juro nos EUA, a Administração Trump decidiu recorrer da decisão judicial que impediu o Presidente de demitir uma das governadoras da autoridade monetária.
Em mais um episódio do conflito aceso entre a Casa Branca e actual liderança da Fed, a Administração Trump apresentou esta quinta-feira um recurso no tribunal federal em que é solicitada a autorização para remover a governadora Lisa Cook do seu lugar no conselho da Fed.
O recurso é apresentado dois dias após um juiz federal ter bloqueado temporariamente o despedimento da governadora, depois de ter considerado que Lisa Cook tinha demonstrado que a tentativa de a remover do lugar era ilegal.
A Casa Branca tem vindo a justificar a sua intenção de despedimento desta responsável da Fed com a prática por esta de alegadas fraudes em créditos. Numa primeira decisão, contudo, o tribunal assinalou que os motivos para o despedimento de membros do conselho de governadores da autoridade monetária devem estar relacionados com a sua actividade na instituição.
Donald Trump, no entanto, não desiste e tem pressa em retirar do cargo Lisa Cook, uma das responsáveis da Fed que tem estado em linha com as decisões de não baixar rapidamente as taxas de juro de referência, por causa do risco de aumento da inflação trazido pelas tarifas.
No recurso agora apresentado, a Casa Branca pede que o despedimento possa ser feito já a partir da próxima segunda-feira, isto é, a tempo de impedir a participação de Lisa Cook na reunião da Fed agendada para terça e quarta-feira.
Donald Trump também tem vindo a manifestar ao longo dos últimos meses o seu desejo de ver o presidente da Fed, Jerome Powell, abandonar o seu cargo rapidamente. No entanto, nesse caso, a Casa Branca não avançou para qualquer tentativa efectiva de o despedir, esperando antes pelo final do mandato no próximo ano.
Curiosamente, apesar da pressa para retirar Lisa Cook da mesa das discussões da Fed antes da próxima reunião, tudo indica que a actual liderança da autoridade monetária deverá, já na próxima quarta-feira, dar início ao ciclo de descida das taxas de juro desejado por Donald Trump.
Apesar de a inflação nos EUA ter, em Agosto, com o efeito das tarifas, voltado a subir, aproximando-se dos 3%, os sinais de forte abrandamento que têm vindo a ser dados nas últimas semanas pela economia norte-americana, e especialmente pelo seu mercado de trabalho, dão motivos a Jerome Powell e os seus pares para começarem a reduzir os custos de financiamento.
Em resposta a um inquérito feito pela Reuters, 105 de 107 economistas questionados anteciparam que a Fed irá realizar na próxima semana um corte de 0,25 pontos percentuais na sua principal taxa de juro de referência, que neste momento está situada no intervalo entre 4,25% e 4,5%.
Esta quinta-feira, o Banco Central Europeu, que realizou fortes descidas de taxas no período entre Junho de 2024 e Junho de 2025, decidiu pela segunda semana consecutiva manter a taxa de juro de depósito inalterada nos 2%.