O primeiro-ministro Edi Rama, que está prestes a iniciar o seu quarto mandato, informou esta quinta-feira que Diella, que significa “sol” em albanês, irá gerir e atribuir todos os concursos públicos em que o governo contrata empresas privadas para diversos projectos.
“Diella é o primeiro “membro” do governo que não está fisicamente presente, mas que foi virtualmente criado por inteligência artificial”, disse Rama durante um discurso de apresentação do seu novo executivo. A nova “ministra” ajudará a tornar a Albânia “um país onde os concursos públicos são 100% livres de corrupção”. A atribuição destes contratos tem sido, há muito, uma fonte de escândalos relacionados com corrupção na Albânia, um país localizado nas Balcãs que especialistas consideram ser base de operações de grupos criminosos, que procuram lavar dinheiro do tráfico de droga e de armas em todo o mundo. E onde a corrupção chegou aos corredores do poder.
Essa imagem tem dificultado a adesão da Albânia à União Europeia, que Rama quer concretizar até 2030, mas que analistas políticos consideram uma meta ambiciosa.
O governo não forneceu detalhes sobre a eventual supervisão humana de Diella, nem abordou os riscos de alguém poder manipular o robô de inteligência artificial.
Diella foi lançada no início deste ano como assistente virtual com inteligência artificial na plataforma e-Albania, ajudando cidadãos e empresas a obter documentos do Estado. Vestida com trajes tradicionais albaneses, presta apoio através de comandos de voz e emite documentos com selos electrónicos, reduzindo as demoras burocráticas.
Nem todos estão convencidos. Um utilizador do Facebook escreveu: “Até a Diella será corrompida na Albânia.” Outro acrescentou: “Os roubos vão continuar e a culpa será da Diella.”
O novo Parlamento, eleito em Maio, deverá reunir-se na sexta-feira, embora não esteja claro se o governo será votado no mesmo dia.
Florion Goga