A líder da extrema-direita Agrupamento Nacional (RN, na sigla em francês), Marine Le Pen, alertou hoje que votará uma moção de censura contra o novo primeiro-ministro francês, Sébastian Lecornu, se este “não romper com o ‘macronismo’”.

“Pedi a Sébastien Lecornu que rompesse com o ‘macronismo’. Rutura ou censura”, afirmou a política da extrema-direita francesa numa entrevista ao canal TF1, um dia depois de Lecornu, de 39 anos, assumir as suas novas funções em Matignon.

A líder ultranacionalista, atualmente impedida de se candidatar a cargos públicos enquanto aguarda pela resolução em recurso da sua condenação por desvio de fundos europeus, explicou que essa rutura passaria por “travar a imigração”, “deixar de dar somas consideráveis à EU” ou “combater seriamente a fraude”.

O RN, o grupo mais numeroso na Assembleia Nacional, embora muito longe da maioria absoluta, é um partido fundamental para a governabilidade na França, neste momento.

Em menos de um ano, os seus votos, juntamente com os da esquerda, foram essenciais para derrubar o conservador Michel Barnier (três meses no cargo, em 2024) e o centrista François Bayrou (nove meses, entre 2024 e 2025).

Le Pen voltou a pedir eleições legislativas antecipadas, a única solução que vê perante a “incapacidade de dar respostas” para o país dos sucessivos governos nomeados pelo presidente francês, Emmanuel Macron.

“Não exijo a sua demissão, mas é verdade que há duas maneiras de sair desta crise: ou (Macron) convoca eleições legislativas antecipadas ou demite-se”, afirmou.

Sobre o seu processo em recurso, marcado para janeiro e fevereiro, pouco antes das eleições municipais de março de 2026, criticou a decisão dos juízes, porque considerou que “tratar-se de outra forma de influenciar o processo eleitoral”.

“Teria sido tão difícil marcar a data do julgamento para o mês de abril?”, questionou.

Le Pen também negou que o seu partido, caso governe após eleições antecipadas hipotéticas, tenha planos de aprovar uma lei da amnistia da qual a própria líder beneficiaria para poder concorrer às eleições presidenciais de 2027.

A deputada classificou a informação, publicada pelo jornal Le Monde (de tendência progressista), como “uma especulação” que não a surpreende, por se tratar “do meio de comunicação que é”.