A Rússia destacou que estes treinos militares contarão com duas fases. A primeira, que começou esta sexta-feira, será focada na defesa e na coordenação entre as tropas. A segunda terá um enfoque mais ofensivo com manobras a simular a conquista de território e combates com tropas inimigas. Os exercícios ocorrerão em solo russo, bielorrusso e também no Mar Báltico e no Mar de Barents, no extremo norte.
O Ministro da Defesa da Rússia, Viktor Khrenin, precisou que maioria dos exercícios militares vai ter lugar na cidade bielorrussa de Borisovc, a norte da capital de Minsk, e a 380 quilómetros da Lituânia e a 410 quilómetros da Polónia. No entanto, o responsável militar admitiu que “pequenos batalhões vão levar a cabo tarefas práticas para repelir um inimigo hipotético” nas proximidades das fronteiras lituanas e polacas.
Adicionalmente, o governante russo destacou que as tropas russas vão “praticar o uso” de armas nucleares russas, em particular os mísseis hipersónicos Oreshnik, alguns dos quais que já estão estacionados na Bielorrússia. Esta componente dos exercícios militares eleva a preocupação dos países fronteiriços com a Rússia e a Bielorrússia.
Por agora, no entanto, é improvável que estes treinos militares sejam mais do isso. Face a 2021, houve uma redução abrupta do número de militares mobilizados. “Por agora, Moscovo não pode enviar dezenas de milhares de tropas para a Bielorrússia, o que seria o necessário para representar uma ameaça credível para os países do flanco leste da NATO”, explicou, em declarações à France 24, Ryhor Nizhnikau, especialista do think tank Finnish Institute of International Affairs.
No entanto, o mesmo especialista adverte que estes exercícios militares poderão efetivamente testar a prontidão e a capacidade de as tropas russas atacarem a aliança transatlântica. “A ideia de que a Rússia pode usar um dia os treinos Zapad para atacar os países do flanco leste da NATO é, de facto, credível”, aclara, ressalvando, no entanto, que isso deverá apenas acontecer quando Moscovo “alcançar os seus objetivos na Ucrânia e libertar, em função disso, recursos militares”.
Em reação, a Rússia pediu para que a Polónia reconsiderasse a sua decisão de fechar as fronteiras com a Bielorrússia, justificando que não faz sentido tomar atitudes tão exageradas. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, desvalorizou também as preocupações da Europa Ocidental. Num momento em que os europeus “assumem uma posição hostil” em relação ao Kremlin, a condução de exercícios militares levou a uma “sobrecarga emocional” dos líderes europeus, atirou.