Pedro Pena Bastos libertou-se das amarras do fine dining quando saiu do CURA, no Hotel Ritz, no início de fevereiro. O chef, de 35 anos, queria voltar a comandar uma cozinha a solo e a explorar um conceito que andava a maturar há vários anos. No final de agosto, surpreendeu ao anunciar a abertura do Broto, o novo restaurante no Chiado, com uma mesa comunitária onde vai trabalhar produtos locais com a leveza de uma casa portuguesa. O espaço abre portas na segunda-feira, 15 de setembro.

Instalado no número 20 do Largo Rafael Bordalo Pinheiro, o Broto nasce da vontade de Pedro Pena Bastos em criar uma “cozinha mais elástica, flexível, com capacidade para chegar a mais pessoas”. “Queria criar um conceito que explorasse um lado contemporâneo, com uma vertente gastronómica sempre bastante elevada e com algum refinamento, mas sem as amarras do fine dining, de forma a também conseguirmos explorar a nossa proposta de uma forma flexível, dinâmica, com muitos produtos de época, que chegam de pequenos produtores. É um espaço que surge de uma vontade com muitos anos”.

Com outras ideias em mente, o chef teve de refletir sobre o conceito ideal para o espaço que encontrou no Chiado. Estudou a concorrência e a oferta da zona e percebeu que o Broto fazia todo o sentido ali. “Não é o meu primeiro projeto a solo, mas é o primeiro projeto desenhado de raiz por mim”, diz, admitindo que sente alguma pressão e curiosidade por parte dos clientes. “Sinto que está tudo muito curioso para perceber o que irei apresentar neste espaço”.

Ainda assim, garante que essa pressão não está relacionada com a estrela Michelin que conquistou no CURA em menos de um ano. “Não estamos focados nisso. Estou muito confortável com o que vamos fazer, sei que vai ser um espaço de alta qualidade, bem conquistado, bem feito, mas obviamente que a relação com o Guia não mudará e será sempre muito bem gerida. E acredito que possamos continuar a nossa ótima relação e continuar a dar frutos, obviamente”.

O novo restaurante assenta numa “cozinha de memórias”, onde “tradição e inovação coexistem”. Entre os pratos da carta estão as lulas com avelã, manteiga torrada de algas e caviar Oscietra (28€). “É um prato que representa o meu percurso e já me acompanha há muitos anos. Comecei a fazê-lo no Esporão, cresceu depois no Ceia e levei-o para o Cura. Agora tinha de trazê-lo, mas num formato maior para incentivar a partilha. Aliás, quase todos os pratos são de partilha”, sublinha.

Além do prato de assinatura, há sugestões como borrego assado no forno, com cuscos transmontanos, acelgas, hortelã e pêra roxa (26€); croquete de leitão (8,50€), pataniscas de lula e alho-francês e papada de porco (8€). Para a sobremesa, o destaque vai para as farturas servidas com leite-creme, que o chef atinge com a mistura de canela e limão.

A carta de vinhos foi desenhada pelo próprio, com a ajuda de amigos. “Escolhemos castas autóctones, como a Esgana-cão, ou Rabo de Ovelha. São muito particulares e têm muita identidade e acabam por transmitir o conceito do Broto”, explica Pedro, que escolheu o nome do restaurante por simbolizar a transição entre a raiz e o fruto. “Está muito ligado às minhas raízes e aos frutos que quero que dê origem, ou seja, à fase seguinte. Este é o primeiro projeto de uma série de novidades”.

Apesar disso, não revela detalhes sobre os conceitos em desenvolvimento. “O foco agora é este espaço, o Broto. Mas no futuro quero voltar ao fine dining, até porque já tenho saudades. Para já vou ficar concentrado neste espaço que acredito que pode trazer muitas coisas boas”.

O Broto foi pensado como “uma sala de estar” e tem capacidade para 50 pessoas no interior e mais 30 na esplanada. A decoração, também ela pensada por Pedro Pena Bastos, aposta em tons quentes e elementos que remetem para o meio rural, com barro e cores como o verde e o terracota.

“Temos artesãos que nos trataram das madeiras e produtores que se uniram para nos ajudar com o café, os chás e até a entrega de vinhos e alimentos, para que tudo esteja conectado com a essência do Broto”, diz. E conclui: “Lá está, é um restaurante gastronómico com um perfil e uma identidade muito própria, eu quero muito que tenha essa marca vinculada de elegância, também de conforto, de descontração, de uma mesa cheia para receber os amigos, família, partilhar”.

Carregue na galeria para conhecer o espaço e pratos que o chef serve no Broto.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Largo Rafael Bordalo Pinheiro 20A
    1200-445  Lisboa
  • HORÁRIO
  • Segunda a domingo das 12h às 23h

PREÇO MÉDIO
Mais de 50€