Odeh Hathaleen, um ativista palestiniano que ajudou a gravar o documentário vencedor do Óscar “No Other Land”, foi morto na aldeia de Umm al-Khair, na Cisjordânia, por um colono israelita, segundo um dos realizadores do filme, o israelita Yuval Abraham.

“Um colono israelita acabou de alvejar Odeh Hathaleen nos pulmões, um ativista notável que nos ajudou a filmar No Other Land em Masafer Yatta”, escreveu Abraham na rede social X, antes de informar que Odeh tinha acabado por morrer. “Assassinado”, atirou.

Segundo Yuval Abraham, o homem que se vê no vídeo a disparar uma pistola e que terá matado Abraham é Yinon Levi, que estava na lista de indivíduos sancionados em 2024 pela União Europeia e pelo Reino Unido pela sua participação nas ocupações ilegais de território para criar colonatos na Cisjordânia. Foi também sancionado pelos Estados Unidos, mas Trump levantou as penalizações quando tomou posse.

Uma testemunha ocular ouvida pelo jornal israelita Haaretz afirma que Ahmad Hathaleen, outro residente palestiniano na aldeia, ficou ferido após ter sido atingido por uma retro-escavadora, usada por colonos israelitas para entrar em terras privadas palestinianas.

Ahmad terá sido tratado pelo estudante de medicina norte-americano Tynan Kavanaugh, que estava no local e contou ao jornal que estava a tratar os ferimentos causados pela escavadora quando ouviu os disparos. “Naquele momento, houve tiros, então baixámo-nos e percebemos que alguém havia sido baleado”, contou, tendo depois reparado que o ativista “estava ferido no peito”.

Breaking the Silence, uma associação de soldados veteranos israelitas que combateram na Cisjordânia, disse que Odeh era um “amigo corajoso e excecionalmente gentil, bem conhecido por muitos de nós que atuamos ativamente nas colinas do sul de Hebron”.

“Estamos indignados. Um ativista corajoso, pai de três filhos, acaba de ser assassinado. Odeh é apenas a mais recente vítima de um sistema liderado pelo Estado e pelos colonos, concebido para tornar a vida insuportável para os palestinianos”, lê-se na publicação na rede social X da organização.

O deputado do partido do centro-esquerda israelita Os Democratas, Gilad Kariv, criticou na rede social X os ministros da Segurança Nacional e da Defesa do país, Itamar Ben-Gvir e Israel Katz, assim como a atuação do exército.

“Milícias judaicas armadas operam nos territórios sem impedimentos. O derramamento de sangue é já um desastre terrível e exige ação”, lê-se na publicação em hebraico.

[Horas depois do crime, a polícia vai encontrar o assassino de Issam Sartawi, o dirigente palestiniano morto no átrio de um hotel de Albufeira. Mas, também vai descobrir que ele não é quem diz ser. “1983: Portugal à Queima-Roupa” é a história do ano em que dois grupos terroristas internacionais atacaram em Portugal. Um comando paramilitar tomou de assalto uma embaixada em Lisboa e esta execução sumária no Algarve abalou o Médio Oriente. É narrada pela atriz Victoria Guerra, com banda sonora original dos Linda Martini. Ouça o segundo episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E ouça o primeiro aqui]