Cerca de 110 mil pessoas juntaram-se este sábado no centro de Londres para uma marcha anti-imigração, convocada pelo activista de extrema-direita e anti-islão Tommy Robinson, munidas de bandeiras de Inglaterra e do Reino Unido.

De acordo com a Polícia Metropolitana, que adiantou o número de participantes, membros de um dos grupos do protesto intitulado “Unite the Kingdom” (Unir o Reino) “agrediram” agentes policiais e criaram “desordem” nas imediações do Parlamento.

“Os agentes estão a ter de intervir em vários locais para impedir que os manifestantes do ‘Unite the Kingdom’ tentem aceder a áreas restritas, violar os cordões policiais ou chegar perto dos grupos opositores. Vários agentes foram agredidos”, informou a polícia londrina, numa mensagem publicada na rede social X.

“Continuamos a assistir a agressões significativas dirigidas aos agentes por parte dos manifestantes do ‘Unite the Kingdom’. Mobilizámos agentes adicionais, com equipamento de protecção, para vários locais, apoiados por cavalos da polícia, para lidarem com a desordem”, acrescentou, numa actualização posterior.

“Quando os agentes intervieram para os impedir, enfrentaram uma violência inaceitável. Foram agredidos com pontapés e socos. Foram atiradas garrafas, foguetes e outros projécteis”, informou ainda, revelando que foram detidas nove pessoas por “vários crimes”.

Segundo com a Sky News e a BBC, foram mobilizados 1600 agentes policiais, incluindo 500 que foram convocados de outras forças de segurança fora de Londres.

Os “grupos opositores” referidos pela Polícia Metropolitana são as cerca de 5000 pessoas que aderiram à contra-manifestação, anti-racista e pró-imigração, “March against Fascim” (Marcha contra o fascismo), também no centro da capital britânica, organizada pela organização Stand Up to Racism.

A manifestação principal foi convocada por Tommy Robinson em nome da “liberdade de expressão”, contra a entrada e a favor da “deportação” de requerentes de asilo, e, na sequência do assassínio de Charlie Kirk, nos Estados Unidos, em “homenagem” ao activista trumpista norte-americano.


Robinson, cujo verdadeiro nome é Stephen Yaxley-Lennon, é um antigo líder do grupo islamófobo e de extrema-direita English Defense League (EDL), que cumpriu recentemente 18 meses de prisão por desobediência ao tribunal, por ter repetido alegações falsas e difamatórias sobre um refugiado sírio.

Nigel Farage, deputado e líder do partido de direita radical Reform UK, que lidera as intenções de voto, sempre fez questão de se distanciar de Robinson, por causa da ligação deste ao movimento supremacista branco britânico.

Num vídeo publicado nas redes sociais e num discurso perto das sedes do Parlamento e do Governo, Tommy Robinson avisou que a “revolução já começou” e lançou uma série de críticas e de insultos ao primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, dizendo que os “rótulos” de “racistas, islamófobos e extrema-direita” que serviram para “silenciar” as pessoas que pensam como ele “já não funcionam”.

Steve Bannon, antigo conselheiro do Presidente dos EUA, Donald Trump, e uma das principais figuras do movimento anti-globalista norte-americano, também discursou para os participantes da marcha anti-imigração. Elon Musk, ex-conselheiro de Trump, e apoiante de Robinson, falou por videoconferência, e defendeu a “dissolução do Parlamento” britânico.