O código PIN do cartão Multibanco continua a ser a primeira barreira de segurança contra burlas e utilizações indevidas. Apesar de parecer simples, há escolhas que podem pôr em risco a proteção do dinheiro sem que o titular se aperceba.
Muitos portugueses recorrem ainda a combinações fáceis de memorizar, como datas de nascimento ou números repetidos. O problema é que estes são precisamente os primeiros que os burlões testam em situações de tentativa de fraude. A previsibilidade transforma um gesto de rotina num ponto fraco.
Outro erro frequente passa pelo hábito de usar a mesma sequência de código PIN em vários cartões. Se um deles for comprometido, todos os restantes ficam expostos ao mesmo risco. A diversidade de códigos é essencial para reduzir danos em caso de roubo de dados.
O método das duas âncoras
Uma forma eficaz de criar um PIN forte é recorrer a associações pessoais que só façam sentido para o próprio. Em vez de datas ou códigos públicos, pode-se escolher duas referências privadas e aplicar uma regra de transformação, gerando uma sequência aparentemente aleatória.
Este método permite memorizar o código sem precisar de o escrever ou de o partilhar. Além de aumentar a segurança, facilita a lembrança em momentos de pressão, como no levantamento de dinheiro ou numa compra de valor elevado.
Imagine, por exemplo, que as ‘âncoras’ são 4 e 7 e o número-base é 3021. O cálculo fica assim: 3+4=7, 0+7=7, 2+4=6 e 1+7=8. O PIN final será 7768, um código que parece difícil de adivinhar, mas que só o próprio sabe gerar.
No caso dos bancos que permitem seis dígitos, a técnica pode ser adaptada, tornando a senha ainda mais difícil de adivinhar. Mais números significam mais combinações possíveis e maior resistência a tentativas de adivinhação.
Cuidados na utilização diária
Não basta ter um PIN forte, é também necessário proteger a forma como é utilizado. Um dos gestos mais importantes é tapar sempre o teclado, mesmo que pareça não haver ninguém por perto. Pequenos movimentos podem ser observados à distância.
Outro cuidado passa por variar a forma como se digita, evitando padrões repetitivos de toques que se tornam reconhecíveis para quem observa com atenção. Acrescentar movimentos “de distração” ajuda a dificultar a leitura dos gestos.
Convém ainda ter atenção ao estado do teclado e do ecrã do telemóvel. Marcas de gordura ou arranhões podem denunciar quais os números mais usados, facilitando a dedução por terceiros mal-intencionados.
Quando mudar de PIN
É aconselhável alterar o PIN de tempos a tempos ou sempre que haja uma situação de risco. Perda da carteira, utilização em terminais duvidosos ou movimentos suspeitos são sinais claros de que a senha deve ser substituída.
Estabelecer uma rotina anual de mudança é outra forma de reduzir vulnerabilidades. A rotação periódica evita que o mesmo código circule durante anos em bases de dados comprometidas ou em esquemas de clonagem.
Sempre que se altera a senha, é recomendável evitar regressar a números usados anteriormente. A escolha deve ser sempre nova, mantendo a lógica pessoal que facilite a memorização.
Medidas adicionais de segurança
Para além do PIN, os bancos oferecem sistemas de alerta por SMS ou aplicação que informam sobre cada movimento realizado com o cartão. Ativar estas notificações permite detetar rapidamente qualquer utilização não autorizada.
Reduzir limites diários de levantamento e pagamento é outra medida que pode minimizar prejuízos em caso de fraude. Se ocorrer um uso indevido, o impacto será muito menor do que se os limites estiverem no valor máximo permitido.
Por fim, a recomendação do Banco de Portugal é nunca partilhar o PIN, nem mesmo com familiares próximos. Em situações de necessidade, o mais seguro é que o titular realize a operação em vez de delegar a terceiros.
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