Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

“Da noite para o dia, o espaço onde preparávamos comida para as crianças tornou-se num monte de escombros”, lê-se no comunicado emitido pela organização. “Ali cozia-se pão, cozinhava-se arroz e, mesmo no meio de um genocídio, tentávamos cuidar uns dos outros. Agora, tudo isso foi-se.”

A cozinha não era apenas um ponto logístico: era um pilar fundamental no apoio a 400 crianças e 100 famílias por semana, com refeições preparadas antes das aulas e distribuídas nas tendas onde vivem refugiados palestinianos. A destruição representa uma perda crítica num contexto de crise humanitária, onde, como denuncia a organização, “a fome está a ser usada como arma contra Gaza.”

Além do ataque, a zona onde a escola se localizava foi declarada “Zona Vermelha” no mapa de evacuação, tornando insustentável a permanência das crianças e da equipa. “Não podemos ficar. Temos de nos deslocar rapidamente para o sul de Gaza, levando connosco tudo o que ainda resta: as tendas onde as crianças aprendem, as secretárias onde escrevem e os alimentos que conseguimos salvar antes do bombardeamento.”

A Seeds of Hope está a mobilizar recursos para essa mudança, num cenário marcado por escassez, inflação e taxas de câmbio abusivas. Segundo o comunicado, até 55% das doações são perdidas em conversão monetária, o que torna o desafio logístico ainda mais exigente. A organização estima que precisa de 15.000 euros com urgência para financiar o transporte, adquirir alimentos, pagar combustível e reconstruir as instalações no novo local.

“Mudar uma escola inteira não é simples. Precisamos de motoristas dispostos a arriscar a viagem, pessoas que nos ajudem a montar de novo as salas de aula e alimentos para enfrentar os dias incertos que se avizinham”, contam.

Fundada em Gaza pela professora Islam Hajaj, com apoio da artista e ativista palestiniana Dima Abu Sbeitan, residente em Lisboa, a Seeds of Hope é mais do que uma escola: é, como descreve a sua equipa, um refúgio de aprendizagem, dignidade e resistência. As atividades incluem educação formal, apoio psicossocial, momentos artísticos e refeições, tudo feito dentro de tendas improvisadas e com recursos mínimos.

“Todos os dias criamos um espaço onde as crianças podem aprender a ler, escrever e contar, mas também um espaço onde podem rir, desenhar, cantar e partilhar os seus medos”, explicam.

A ligação com Portugal é também institucional: a Seeds of Hope está registada como associação no país, o que permite garantir transparência e responsabilidade na gestão dos donativos, ao mesmo tempo que promove laços entre Gaza e comunidades solidárias na Europa.

“A destruição da nossa cozinha e a evacuação forçada da nossa área não são o fim da Seeds of Hope. Mas, para continuar, precisamos do vosso apoio urgente.”

O comunicado termina com um apelo direto à solidariedade internacional: “Recusamo-nos a deixar que o bombardeamento de cozinhas e salas de aula apague a esperança. Opomo-nos ao genocídio, à limpeza étnica e ao uso da fome como arma. Cada doação, cada ato de solidariedade, ajuda-nos a resistir e ajuda as crianças de Gaza a manter o seu direito à educação, à segurança e à dignidade.”