O presidente dos EUA, Donald Trump, finalmente considerou a Rússia como “agressora” na guerra contra a Ucrânia, em nova demonstração do endurecimento da sua posição face a Moscovo. Referindo-se às baixas das tropas ucranianas e russas, o líder da Casa Branca indicou aos jornalistas este domingo que “oito mil soldados morreram esta semana, de ambos os países. Mais alguns da Rússia, mas quando se é o agressor perde-se mais”.

Recorde-se que Donald Trump já se tinha recusado a condenar Moscovo pela invasão, com o seu Governo a aliar-se à Rússia e à Coreia do Norte em fevereiro último para rejeitar uma moção da ONU que apoiava a integridade territorial da Ucrânia e condenava a Rússia. Os EUA também se opuseram a uma declaração do G7 que apelidou a Rússia de agressora em fevereiro. O presidente americano chegou mesmo a culpar Kiev pela guerra em abril: “Não se começa uma guerra contra alguém 20 vezes maior do que nós e depois espera-se que as pessoas nos deem mísseis.”

No entanto, a postura de Trump em relação ao Kremlin mudou ao longo do verão, com a sua administração a exercer uma pressão crescente sobre Vladimir Putin, à medida que o presidente russo impede os esforços da Casa Branca em intermediar negociações de paz diretas com Volodymyr Zelensky.

“Impedi sete guerras e pensei que esta seria fácil para mim, mas esta revelou-se difícil”, apontou Trump este domingo, referindo-se à invasão russa. “Acho que sou eu que tenho de falar. Eles [Zelensky e Putin] odeiam-se. Odeiam-se tanto que não conseguem respirar.”

Com a postura mais dura de Trump a falhar em levar Putin à mesa das negociações com Zelensky, o Governo americano enfrenta crescentes apelos para impor sanções mais severas à Rússia. Trump afirmou este domingo que planeava fazê-lo — mas só depois de a Europa deixar de comprar petróleo russo e endurecer o seu próprio regime de sanções.

Embora Trump tenha dito que os países europeus são seus “amigos”, continuam a “comprar petróleo à Rússia”. “Não quero que comprem petróleo. E as sanções que estão a impor não são suficientemente severas”, apontou.