Todos os países têm “o direito de se defender além das suas fronteiras”, justificou Netanyahu, frisando que “os terroristas não devem beneficiar de um refúgio”.


O Catar tem acolhido os dirigentes do Hamas e servido de mediador nas negociações de paz entre Israel e o Hamas, no conflito desencadeado pela invasão de Israel concertada pelo Hamas, a sete de outubro de 2023.


Na semana passada, no dia nove de setembro, Israel alvejou um edifício no Catar onde estariam reunidos os principais líderes do Hamas. O grupo palestiniano reconheceu seis mortos no ataque mas garantiu que os seus líderes escaparam.


O ataque israelita a um país terceiro foi rejeitado pela comunidade internacional e criticado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.


O Catar, tal como Israel, é um aliado dos EUA na região. Trump garantiu ao Catar que “tal não voltaria a ocorrer no seu território”. “O Catar é um grande aliado, Israel e todos os outros, temos de ter atenção. Quando realizamos ataques, devemos ser prudentes”, reagiu este domingo o presidente norte-americano.


Netanyahu garantiu que os EUA não tiveram qualquer envolvimento na operação. “Agimos por nós próprios. Ponto final”, afirmou aos jornalistas.


Eliminar o Hamas


Esta segunda-feira, após a reunião com o líder israelita, Marco Rubio sublinhou em conferência de imprensa que a iniciativa de Israel não tinha prejudicado as relações norte-americanas na região. Washington, afirmou o secretário de Estado, mantém “relações fortes com os nossos aliados no Golfo” Pérsico, onde se inclui o Catar.Rubio e Netanyahu procuraram apresentar uma frente unida, apesar das tensões aparentes, com Netayahu a dizer que Israel tem em Trump “o melhor aliado de sempre” na Casa Branca.


Marco Rubio prometeu por seu lado o “apoio indefetível” dos EUA a Israel na eliminação do Hamas, considerado um grupo terrorista por Washington e que administra a Faixa de Gaza há duas décadas.


“Os habitantes de Gaza merecem um futuro melhor, mas este futuro melhor só poderá iniciar-se depois do Hamas ser eliminado”, defendeu Rubio. Israel “pode contar com o nosso apoio indefetível e o nosso compromisso para que isso se concretize”, frisou o secretário de Estado norte-americano.


Marco Rubio deverá deslocar-se ao Catar esta terça-feira, onde deverá reunir-se com líderes árabes ali reunidos, antes de ir a Londres.


Apoio árabe ao Catar


Os líderes árabes, alguns dos quais estabeleceram laços diplomáticos, económicos e tecnológicos com Israel, ao abrigo dos Acordos de Abraão assinados na primeira presidência de Donald Trump, estão reunidos em cimeira em Doha, numa demonstração de apoio ao Catar.


Numa declaração conjunta, os líderes do Golfo anunciaram uma reunião do Conselho de Cooperação do Golfo urgente em Doha, para analisar o ataque israelita ao Catar. Apelaram a medidas para ativar “o mecanismo conjunto de defesa” do bloco, sem dar mais detalhes.

O primeiro-ministro do Catar exigiu uma reação da comunidade internacional, apelando a que deixem de ser aplicados “dois pesos e duas medidas” e à punição de Israel.