Desta vez não houve surpresa. A lei do mais forte vingou na 2.ª jornada do Grupo D do Campeonato do Mundo masculino de voleibol e os EUA suplantaram Portugal, por um claro 3-0 (25-19, 25-22, 25-17), em Pasay, Filipinas, garantindo desde já o apuramento para a próxima fase. Um objectivo a que a selecção nacional só poderá aspirar se vencer a Colômbia e se Cuba não conseguir surpreender os norte-americanos, na última ronda.
Tal como aconteceu no primeiro set do encontro inaugural, frente a Cuba, Portugal começou por soçobrar na acção de serviço. Acumulou rapidamente quatro erros de serviço e, embora tivesse conseguido equilibrar as operações nas acções de rede, essa diferença acabou por ser suficiente para os EUA irem gerindo até final (25-19). Até porque o oposto Gabriel Garcia e o zona 4 Jordan Everton mostravam grande segurança no ataque, devidamente municiados pelo distribuidor Micah Christenson, um dos mais dotados do Mundial.
Ia ser preciso elevar o nível no segundo parcial para entrar na discussão do encontro, no Mall of Asia Arena. E Portugal começou bem, ganhando dois pontos de vantagem, por força da maior agressividade no serviço e da melhoria na recepção. Kelton Tavares também começou a impor-se no centro da rede, quer no bloco, quer nos ataques curtos, e o braço-de-ferro tornou-se bem mais equilibrado, com a selecção nacional a manter-se na frente do marcador sensivelmente até aos 15 pontos.
Nessa altura, dois erros na recepção por parte de Nuno Marques, um dos melhores no jogo com Cuba, contribuíram para os EUA passarem para a frente e nunca mais olharem para trás. Fortíssimos no serviço (75% de eficácia), os norte-americanos causavam sérios problemas ao adversário no side-out e descolaram para 24-19, altura em que Portugal ensaiou uma resposta, assente no serviço de Tiago Violas, e fez quatro pontos seguidos, antes de ceder por 25-22.
Para o arranque do terceiro set, o distribuidor Bruno Dias foi a maior surpresa e começou por pontuar no primeiro side-out, ao segundo toque. Gabriel Garcia continuava a ser uma dor de cabeça para Portugal, mas João José também tinha rodado Lourenço Martins para o lado contrário do ataque e lançado André Pereira, causando dificuldades inesperadas aos norte-americanos, que viram o adversário adiantar-se para 3-5.
A equipa que conquistou a medalha de bronze olímpico nos Jogos de Paris mostrava algum desconforto, mas não tardou a encontrar soluções na ponta da rede, graças à tremenda capacidade de Christenson de promover contextos de um contra um. O parcial foi-se equilibrando até 9-9, altura em que os EUA começaram a distanciar-se (14-10), fruto de uma maior incapacidade portuguesa para concretizar o side-out. O bloco norte-americano também se agigantou e o parcial acabou por seguir o seu rumo, com alguma naturalidade: 17-12, 21-14, 23-17 e 25-17.
Esta derrota, pouco surpreendente face à diferença de estatuto das selecções (os EUA são quintos no ranking mundial, os portugueses 23.ºs), não hipoteca as aspirações de Portugal no torneio. Depois do triunfo sobre Cuba, a equipa orientada por João José está obrigada a derrotar a Colômbia, na madrugada de quarta-feira (3h00), e a aguardar que os norte-americanos cumpram a obrigação e suplantem os cubanos na derradeira jornada para poder apurar-se para os oitavos-de-final.