Num continente que se orgulha de liderar a transição energética, as baterias usadas tornaram-se ao mesmo tempo um recurso crítico e uma ameaça silenciosa. Se não forem devidamente recicladas, transformam-se em resíduos tóxicos capazes de contaminar solos, águas e comprometer a saúde pública. Finalmente há ações concretas e musculadas.
Um marco estratégico para a Europa
A nova megafábrica de reciclagem em Meppen, na Baixa Saxónia, não é apenas a maior da Europa: é um ponto de viragem crítico para a gestão de resíduos tecnológicos e a segurança industrial europeia.
Com um investimento de 30 milhões de euros, a Re.Lion.Bat Circular GmbH ergueu uma infraestrutura que se torna peça-chave na transição para uma economia circular de metais críticos.
A unidade tem capacidade para processar 30.000 toneladas por ano, representando, sozinha, um terço da capacidade nacional alemã.
Tecnologia e eficiência sem precedentes
Em três edifícios industriais, a fábrica processa até quatro toneladas de baterias por hora, provenientes de veículos elétricos e ferramentas de todo o país. O método é altamente controlado: após descarga profunda para eliminar riscos elétricos, as baterias passam por trituração, peneiramento e separação automatizada.
O resultado é uma taxa de recuperação impressionante de 96%, estabelecendo um novo padrão de eficiência para todo o continente.
A “Schwarzmasse”: o ouro negro das baterias
Entre os materiais recuperados, cobre, alumínio, plásticos, destaca-se a chamada Schwarzmasse, ou “massa negra”, rica em níquel, cobalto e lítio. Estes elementos são cruciais para a produção de novas baterias e representam o verdadeiro valor estratégico da instalação.
Embora o tratamento final desta fração ainda ocorra sobretudo na Ásia e na América do Norte, a Europa já prepara refinarias próprias para encerrar o ciclo de produção dentro das suas fronteiras e reduzir dependências externas.
Segurança e soberania em primeiro plano
O projeto vai além da reciclagem: traduz uma visão de soberania tecnológica europeia. O objetivo declarado é claro: que os materiais que entram no continente permaneçam aqui, sendo reutilizados e reintegrados na economia local.
Num cenário global de tensões geopolíticas e volatilidade no fornecimento de matérias-primas, esta unidade garante maior resiliência industrial para a Alemanha e para a Europa.
A segurança também foi elevada ao extremo: câmaras térmicas inspecionam todos os carregamentos, sensores medem continuamente os níveis de nitrogénio no ar para evitar incêndios, e agentes extintores especiais complementam os sistemas tradicionais de sprinklers.