A presença dos norte-americanos está a ser vista como um sinal de que Washington pretende aproximar-se do regime bielorrusso e ocorre dias depois da visita a Minsk de John Coale, representante do presidente dos EUA, que levou uma carta amigável de Donald Trump ao homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko. Coale referiu que os EUA pretendem reabrir em breve a embaixada norte-americana na Bielorrússia, primeiro passo para normalizar laços e retomar as trocas comerciais entre os dois países.
A visita do representante de Trump e a presença dos dois obervadores militares, constituem a primeira aproximação dos EUA a Minsk, desde que Moscovo usou território bielorrusso para estacionar tropas que atacaram depois solo ucraniano. A Bielorrússia autorizou ainda a Rússia a estacionar ogivas nucleares no país.
O regime de Minsk é um dos mais próximos aliados de Moscovo, com os presidentes Alexandre Lukashenko e Vladimir Putin a cumprimentarem-se calorosamente em reuniões internacionais. Analistas militares admitem que os EUA queiram interferir nesta proximidade.
As manobras conjuntas da Rússia e da Bielorrússia, batizadas como Zapad-2025, decorrem em Belarusto, sob os olhares do vice-ministro russo da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, e do tenente coronel na Força Aérea dos EUA, Bryan Shoupe e de outro oficial dos EUA, não identifcado. Presentes igualmente representantes de outros 23 países, incluindo a Turquia e a Hungria, também estados-membros da NATO, além da China, da Etiópia e da Indonésia.
O ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenikov, cumprimentou pessoalmente os dois oficiais americanos, que apertaram sua mão e que, em russo, agradeceram o convite.
“Iremos mostrar o que vos interessar. O que vocês quiserem. Podem ir lá e ver, conversar com as pessoas”, prometeu o ministro aos dois norte-americanos, que se recusaram a falar com repórteres posteriormente. A presença de ambos foi apresentada pelo Ministério da Defesa bielorrusso como uma surpresa. “Quem imaginaria como começaria a manhã de mais um dia do exercício Zapad-2025?” questionou em comunicado.
Os últimos exercícios Zapad (“Ocidente”) realizaram-se em 2021. Um oficial militar americano baseado na Ucrânia viajou então para a Bielorrússia para assistir às manobras.
Os exercícios deste ano envolveram caças, drones de ataque e helicópteros militares, que sobrevoaram zonas arborizadas, enquanto a infantaria treinou disparos de morteiro, o uso de armas automáticas e de sistemas de mísseis, assim como de motociclos em combate.
A Rússia e a Bielorrússia descreveram as manobras, realizadas em territórios de ambos os países, como uma demonstração de força e um teste à prontidão das suas forças.
Os países do leste europeu, adjacentes aos dois países, vêem com apreensão estes jogos de guerra, sobretudo depois de, desde a semana passada incluindo esta segunda-feira, vários drones russos terem sido intercetados nos espaços aéreos da Polónia e da Roménia, sobre áreas consideradas sensíveis.
Varsóvia encerrou temporariamente a sua fronteira com a Bielorrússia, como medida de precaução.
O presidente Donald Trump sugeriu que a incursão dos drones pode ter sido resultado de um erro.
Na semana passada, depois de Lukashenko ter acordado a libertação de 52 prisioneiros, incluindo jornalistas e oponentes políticos, a pedido dos norte-americanos, Trump ordenou a suspensão das sanções à companhia aérea nacional bielorrussa Belavia, permitindo-lhe prestar serviços e comprar componentes para sua frota, que inclui aeronaves Boeing.