Parece mentira, mas houve suspense quanto ao vencedor da maratona masculina, nos Mundiais de atletismo que decorrem em Tóquio, corrida que teve insólitos do início ao fim, pois no começo houve uma falsa partida.

Foi por apenas três centésimos, após um sprint final, analisado ao photo finish, que o tanzaniano Alphonce Felix Simbu foi declarado vencedor e campeão mundial de maratona, naquela que foi a menor margem de sempre entre primeiro e segundo.

Simbu terminou com 2h09:48, à frente do alemão Amanal Petros, que ficou com a prata ao ser surpreendido nos últimos metros pelo corredor africano.

Os dois atletas entraram no Estádio Nacional de Tóquio com o italiano Iliass Aouani, que ficou para trás ao entrar na primeira curva. Foi nesse momento que a corrida acelerou com a mudança de ritmo de Petros, que foi ganhando metros até à reta final, mas acabou por perder vantagem sobre Simbu, que com uma aceleração final ultrapassou o alemão na linha de chegada.

Em terceiro lugar chegou Aaouani (2h09:53), com grandes aplausos foram para Ryota Kondo, o primeiro japonês a cruzar a linha de chegada, em 12.º lugar (2h10:53).

Com esta vitória, Simbu tornou-se o primeiro tanzaniano a ganhar uma medalha de ouro olímpica ou mundial em qualquer prova de atletismo, e explicou o que aconteceu nos últimos metros.

«Depois do quilómetro 41, tentei acelerar, mas foi difícil. Reduzi o ritmo e disse a mim mesmo ‘quando chegarmos ao estádio, na pista, vou tentar novamente’. Mas, ao entrar, Petros estava à frente. Mesmo assim, pensei ‘vou ficar atrás dele e quando chegarmos à meta, vou tentar fazer um sprint’. Ao chegar à reta final, tentei, dei o sprint e ganhei. No final, ao ver o resultado, verifiquei que era campeão, foi muito bonito.»

Para Petros, a desilusão e também alegria: «Quer dizer, tenho de aceitar, sou um atleta profissional. Sei que às vezes ganho e outras perco, e hoje foi a vez de perder, mas amanhã continuarei lá. Levo a medalha de prata no meu primeiro campeonato mundial, por isso significa muito para mim. E sim, estou muito feliz, muito feliz por mim e também pelo primeiro. Ele merece e eu também. Isto é desporto, sabem? Amizade, democracia, liberdade e amor, e foi isso que demonstrámos.»

O português Rui Pinto concluiu a maratona no 42.º lugar.