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A União Ciclista Internacional (UCI) emitiu esta segunda-feira, um comunicado no qual manifesta “total desaprovação e profunda preocupaçãopelas manifestações pró-Palestina que levaram ao cancelamento da última etapa da Volta a Espanha em Madrid. A organização considera, segundo o El Mundo, que os protestos representam “uma grave violação da Carta Olímpica e dos princípios fundamentais do desporto”.

A 90.ª edição da Volta a Espanha terminou este domingo sem cerimónia de pódio nem vencedor oficial, após fortes protestos contra a participação da equipa Israel-Premier Tech. As manifestações, que juntaram cerca de 100 mil pessoas em Madrid, tornaram impossível a celebração da última etapa, que foi interrompida a 43 quilómetros da meta.

A UCI criticou também a atuação do Governo espanhol, acusando-o de “instrumentalizar o desporto para fins políticos”. Tal situação, segundo a organização, “coloca em causa a capacidade de Espanha para acolher grandes eventos desportivos internacionais”.

Boicote a equipa israelita e “apelo” de Sánchez. Como manifestantes pró-Palestina cancelaram a última etapa da Volta a Espanha

No documento, a organização denuncia ainda que a corrida foi perturbada por incidentes diários que resultaram em quedas e desistências. Ainda assim, elogiou a resposta da organização da Volta, destacando o “profissionalismos exemplar” com que lidou com a crise.

A entidade mostrou-se, ainda, crítica em relação às declarações do presidente do Governo, Pedro Sánchez. Durante uma iniciativa do PSOE em Málaga, Sánchez expressou “reconhecimento e respeito absoluto pelos desportistas, mas também por um povo como o espanhol que se mobiliza por causas justas como a da Palestina”. A UCI lamentou que o presidente do Governo tenha demonstrado simpatia pelos manifestantes, uma vez que “o desporto deve ser autónomo e servir a paz. Deve unir e nunca dividir“, conclui o comunicado.

Por seu turno, o diretor da Volta a Espanha, Javier Guillén, explicou esta segunda-feira que a organização nunca ponderou cancelar a etapa final e que confiou no Governo espanhol para manter todas as condições para terminar o evento.

“Tivemos reuniões com a delegação do Governo e considerámos que os cordões de segurança decretados eram suficientes. As regras de participação são estabelecidas pela União Ciclista Internacional (UCI) e nós limitámo-nos a cumpri-las”, afirmou Guillén ao El País, lembrando que uma decisão contrária poderia trazer graves consequências legais e económicas para a corrida.

As críticas focaram-se na presença da equipa israelita, financiada pelo empresário Sylvan Adams, conhecido pelo apoio ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e à ofensiva em Gaza. A UCI já tinha decidido manter a equipa em competição, apesar das pressões e da contestação popular.

Guillén lamentou, ainda, os incidentes e pediu respeito tanto pelas manifestações como pela própria corrida e pelos ciclistas. “Quando se pede para boicotar e o boicote acontece, todos sofremos as consequências”, disse.