Segundo o ministro da Economia, a “adaptação ao lugar” foi o motivo que esteve por trás da decisão de tirar Ricardo Arroja da liderança da AICEP. Arroja foi substituído na liderança da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal em junho, pouco mais de um ano depois de ter assumido o cargo. O Governo argumentou na altura que a decisão tinha como base a necessidade de “incutir novas dinâmicas” à agência que promove Portugal no estrangeiro.

Esta terça-feira, na comissão de Economia, o ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, foi questionado sobre os motivos desta exoneração. Ao grupo parlamentar do PS, o ministro começou por garantir que “não estiveram em causa as capacidades intelectuais ou técnicas” de Ricardo Arroja. “Estava em causa a sua adaptação ao lugar de presidente da AICEP”, um “lugar que exige grande disponibilidade, presença física, proximidade às empresas em Portugal e no estrangeiro e capacidade para incentivar e mobilizar as equipas”. Em causa, acrescentou, “não esteve nenhuma motivação política ou partidária”.

Para o lugar de Arroja foi nomeada Madalena Oliveira e Silva, “que não tem militância conhecida, tem 30 anos de casa, tem grande experiência, um conhecimento profundo do setor e grande proximidade com os trabalhadores e clientes (as empresas)”, justificou o ministro. Foi a “opção para criar condições para aceleração do ritmo de trabalho da AICEP”.

A resposta levou o deputado Hugo Costa, do PS, a questionar se Ricardo Arroja “não ia ao local de trabalho” e foi despedido por isso, ao que Castro Almeida esclareceu que “nunca disse” que a exoneração se deu por Arroja “faltar ao trabalho”.

AICEP. Três presidentes (e duas indemnizações) em dois anos de Montenegro. O que levou à saída de Arroja?

A exoneração uns dias depois de Ricardo Arroja ter completado um ano à frente da AICEP levou ao pagamento de uma indemnização, o que não teria acontecido se a saída tivesse sido decidida antes deste prazo. Segundo Castro Almeida, que respondia ao deputado Filipe Melo do Chega, Arroja terá direito a uma indemnização que rondará os 40 mil euros líquidos. “O que se deve fazer é cumprir-se a lei e se há lugar a indemnização deve pagar-se”.

O ministro justificou o timing da decisão com o facto de que “15 dias antes estava a acabar de ser empossado” e a marca de um ano de mandato de Arroja “fez-se na mudança de Governo”. “Tomei a decisão ponderadamente duas semanas depois de estar em funções”, defendeu o ministro.

Ricardo Arroja considerou exoneração de presidente da AICEP é “desenlace tão legítimo como errado”