O esquiador italiano Matteo Franzoso morreu esta segunda-feira na sequência de um acidente, que sofreu no último sábado, enquanto treinava com a equipa, em La Parva, no Chile, avança o jornal italiano Corriere della Sera. Desportista completava 26 anos esta terça-feira.
O esquiador, nascido em Génova, em Itália, chegou ao Chile a 6 de setembro com os “velocistas azuis”, a equipa de velocidade da seleção italiana. A pista na qual iam treinar — pista La Parva — é frequentada por seleções de todo o mundo, tendo sido o palco dos campeonatos sul-americanos das últimas semanas.
No sábado, Matteo estava numa zona aparentemente inofensiva — por não apresentar grande margem para velocidade — mas perdeu o controlo dos esquis num dos saltos. O jovem ultrapassou duas filas de redes de proteção ainda em voo e acabou por embater contra uma terceira rede.
Segundo o La Repubblica, o embate causou um traumatismo craniano grave e um edema cerebral (inchaço do cérebro, possivelmente causado pelo traumatismo). Ainda foi transportado de helicóptero para uma clínica em Santiago, a cerca de 50 quilómetros de La Parva, e colocado imediatamente em coma, segundo o mesmo jornal. Acabou por morrer esta segunda-feira.
Os seus colegas de equipa, Mattia Casse e Christof Innerhofer, não voltaram treinar desde o acidente e deverão voltar a Itália já esta terça-feira.
Matteo começou a esquiar aos 17 anos e chegou a participar na Copa do Mundo, em março de 2025, sendo esse o seu último campeonato. Tanto ele como a irmã, Michele Franzoso, pertenciam ao mundo do esqui, sendo ela instrutora. Matteo estava agora a treinar para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, em Milão.
A Federação Italiana de Desportos de Inverno (Fisi) lamentou ainda na segunda-feira a morte do atleta, na rede social X.
The International Ski and Snowboard Federation (FIS) extends its deepest condolences following the tragic loss of Matteo Franzoso. ????
The 25-year-old Italian skier passed away in Santiago, Chile, after a fall during training on the La Parva slope. pic.twitter.com/8XAFozaKtQ
— FIS Alpine (@fisalpine) September 15, 2025
Flavio Roda, presidente da Fisi, também se manifestou, em comunicado publicado no site oficial da federação, recordando outro incidente no mundo do esqui, há menos de um ano. “É uma tragédia para a família e para o nosso desporto, um drama que nos traz de volta ao estado de espírito de há pouco menos de um ano, quando Matilde Lorenzi desapareceu.” “Peço o maior respeito pela família de Matteo, da qual estaremos perto para tudo o que for necessário”, acrescentou.
“Ele era um menino humilde e sorridente, que havia sacrificado grande parte da sua juventude ao sonho de se tornar um grande atleta”, lamentou Alessandro Garrone, presidente do clube de esqui Sestriere, onde Matteo estava inscrito.
A 28 de outubro de 2024, Itália recebia a notícia de que a atleta Matilde Lorenzi, campeã italiana absoluta juvenil, tinha morrido durante um treino em Val Senales, no norte de Itália.
A jovem descia uma pista quando os esquis afundaram no solo. A atleta perdeu o contacto com a superfície, batendo violentamente com o rosto na neve. No embate, um dos esquis soltou-se e Matilde foi para fora da pista. Foi ainda transportada de helicóptero para o hospital de Bolzano, em estado muito grave, onde acabou por morrer.
Marco Degli Uomini é outra das quatro vítimas. Morreu a 9 de março de 2025, no hospital de Udine, Itália, antes da disputa do campeonato SuperG, uma prova de esqui de alta velocidade.
O jovem estava a praticar uma descida no aquecimento, antes de ter ainda o dorsal oficial da prova, quando perdeu o controlo dos esquis na altura do salto. Segundo o La Repubblica, depois de um voo de cerca de 70 metros, acabou por cair na neve, contra uma rede de proteção, tal como Matteo.
Foi levado para o hospital de Udine, onde os médicos diagnosticaram várias fraturas e a suspeita de traumatismo craniano. Apesar disso, nunca terá perdido a consciência após o acidente, acabando por morrer no dia seguinte.
Em abril deste ano, Margot Simond, morreu num treino em Val d’Isère, na região de Sabóia, nos Alpes Franceses, de onde era natural, para o evento “Red Bull Alpine Park”. Segundo os médicos, o impacto da queda foi fatal, não tendo sido possível reanimá-la. De acordo com as reconstruções do acidente, a rota não era desafiadora.
As quatro vítimas em menos de um ano no mundo do esqui têm criado um grande debate em relação às condições e regras de segurança das pistas.
“O esqui é um desporto saudável, agregador e formativo: deve permanecer assim. Mas se o desempenho evolui, as regras, os dispositivos de segurança, as proteções e os controles também precisam de se ajustar. Todos devem sentir uma forte responsabilidade pela saúde dos atletas”, disse Alessandro Garrone. Também Matilde Lorenzi estava inscrita no seu clube.
Também ex-atletas, como Kristian Ghedina, criticam as novas pistas. “Os novos esquis são muito rápidos, especialmente nas curvas. É hora de os mudar.”
O presidente da Fisi, numa nota no site da federação, garante todos os esforços para que “episódios como estes não se repitam”. “Neste momento triste e doloroso, quero dizer a todos os atletas e técnicos, de todos os desportos, que a Federação está ao vosso lado e que encontrarão todo o apoio necessário.”
Texto editado por Carlos Diogo Santos