Para facilitar a viagem para sul, foi aberta uma passagem temporária pela estrada Salah al-Din e depois continuar para sul a partir de Wadi Gaza [centro]”, anunciou o exército numa publicação nas redes sociais pelo seu porta-voz de língua árabe, o coronel Avichay Adraee.

A passagem temporária vai abrir às 12h00 (10h00 em Lisboa) e vai permanecer aberta durante 48 horas. Salah al-Din atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul, no leste do enclave, paralelamente à fronteira com o território israelita. A outra rota já aberta, a estrada Rashid, também atravessa todo o enclave, mas no oeste, em paralelo com a costa.

No entanto, quando questionado se as forças armadas vão garantir algum tipo de percurso seguro do oeste da Cidade de Gaza para leste, para que a população possa chegar à estrada Salah al-Din, Adraee não comentou.



A maioria dos refugiados encontra-se no oeste da Cidade de Gaza, em acampamentos à beira-mar, para onde o exército israelita lhes ordenou que se deslocassem, à medida que a ofensiva na zona avança a partir de leste e norte.

O exército israelita, que tem vindo a intensificar os apelos para a evacuação da Cidade de Gaza, já tinha aconselhado os residentes a fugirem pela estrada costeira para o que o próprio definiu como uma zona humanitária mais a sul, incluindo parte da região de Al-MawasiIsrael bombardeou hospital pediátrico em Gaza


O Ministério da Saúde de Gaza acusou Israel de ter bombardeado, na terça-feira à noite, o Hospital Al-Rantisi, na Cidade de Gaza, norte do enclave palestiniano. Trata-se do único hospital pediátrico especializado, em funcionamento na capital da Faixa de Gaza.

De acordo com um comunicado do Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas, os pisos superiores do hospital foram atacados três vezes na noite de terça-feira.

No momento do ataque, onde foram usados drones o hospital tinha 80 doentes em tratamento, especificou o Ministério da Saúde de Gaza, dos quais 40 foram retirados do local após o bombardeamento.

Os responsáveis pelo Ministério da Saúde de Gaza disseram ainda que continuam no local 40 doentes e acompanhantes, além de 12 doentes em cuidados intensivos e 30 funcionários.

O Ministério da Saúde não divulgou números de eventuais feridos ou mortos.

O Hospital Al-Rantisi era o último centro médico especializado em pediatria na capital de Gaza, disponibilizando serviços de oncologia, diálise e outros especializados para doenças respiratórias e digestivas.A mesma instalação dispunha também de quatro unidades de cuidados intensivos pediátricos e oito unidades de cuidados intensivos neonatais.

O centro, assim como os restantes hospitais em funcionamento na capital da Faixa de Gaza, estava sobrelotado devido à ofensiva israelita contra a cidade.

“Não há lugar seguro”No final de agosto, a ONU estimou o número de palestinianos dentro e à volta da Cidade de Gaza em cerca de um milhão.

Nos últimos dias, os jornalistas da AFP observaram um novo êxodo da Cidade de Gaza para sul, mas o exército israelita ainda estimou na manhã desta quarta-feira que apenas “mais de 350 mil” pessoas tinham fugido para sul.

Dezenas de palestinianos inquiridos pela AFP na Cidade de Gaza nas últimas semanas têm afirmado repetidamente que “não há lugar seguro” para ir na Faixa de Gaza e que preferiam morrer lá a serem novamente deslocados.Ofensiva terrestre começou na terça-feiraO exército israelita anunciou na terça-feira que lançou uma grande ofensiva terrestre na Cidade de Gaza com o objetivo de expulsar o Hamas de um dos seus últimos grandes bastiões na Faixa de Gaza, um território devastado pela guerra desencadeada a 7 de outubro de 2023 pelo ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano contra Israel.



A ofensiva na Cidade de Gaza, anunciada desde meados de agosto e para a qual o exército israelita convocou dezenas de milhares de reservistas, foi amplamente condenada no estrangeiro.

O exército israelita espera que a sua ofensiva na Cidade de Gaza demore “vários meses” a ser concluída, marcando o primeiro calendário estabelecido para o seu plano de assumir o controlo do maior centro populacional do território.

Segundo o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, os objetivos da ofensiva eram “derrotar o inimigo e retirar a população”, omitindo qualquer menção à libertação dos restantes reféns israelitas, que tem sido um objetivo de guerra constantemente declarado até agora. As famílias dos reféns e os seus apoiantes protestaram perto da residência de Netanyahu, em Jerusalém, na terça-feira, acusando-o de abandonar os seus entes queridos.


Israel parece “determinado a levar as coisas até ao fim”, afirmou na terça-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentando uma situação “moral, política e legalmente intolerável” em Gaza. 


Muitos países, bem como uma parte significativa da sociedade israelita, acusam o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de estar a reagir em excesso, especialmente após o ataque israelita de 9 de setembro contra uma reunião de líderes do Hamas em Doha, enquanto os Estados Unidos tentavam pressionar para um acordo de cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza.

Israel anunciou a expansão das suas operações militares na Cidade de Gaza logo após a saída do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que, durante uma visita a Jerusalém, prometeu o “apoio inabalável” de Washington ao seu aliado israelita na eliminação do Hamas.

O nosso objetivo é intensificar os ataques contra o Hamas até à sua derrota final“, disse o tenente-general Eyal Zamir, Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF), na terça-feira.

O ataque de 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 47 ainda estão detidas em Gaza, 25 das quais foram declaradas mortas pelo exército israelita.

Desde então, mais de 54.864 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza pela campanha de retaliação do exército israelita, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas.

O Ministério, cujos números são considerados fiáveis pela ONU, não especifica o número de combatentes mortos, mas indica que mais de metade dos mortos eram mulheres ou menores.


A guerra resultou num grande desastre humanitário para os cerca de 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza. A ONU declarou fome em partes do território em agosto e alertou para uma disseminação geográfica do fenómeno até ao final de setembro, a que Israel chama “mentiras”.


c/ agências