A primavera chega nesta segunda-feira (22/9) trazendo dias mais floridos e ensolarados, mas também um cenário que exige atenção redobrada dos pais. Com a elevação da umidade, aumento da temperatura e maior polinização, as alergias e as doenças respiratórias tendem a se intensificar entre as crianças, alertam especialistas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

Segundo a alergista do Instituto, Liziane Nunes, os principais vilões no Brasil não são os pólens, como ocorre em países de clima temperado, mas sim fungos e ácaros. “Com o aumento da umidade e das temperaturas mais altas, esses microrganismos encontram condições ideais para crescer. Crianças com rinite, conjuntivite, asma ou dermatite atópica podem ter intensificação dos sintomas, como nariz entupido, coceira nos olhos, tosse e até piora das lesões de pele”.

O infectologista pediátrico do IFF/Fiocruz, Márcio Nehab, reforça que, nesta época do ano, são comuns os quadros respiratórios de origem alérgica. “Rinite, crises de asma e conjuntivite alérgica são os mais frequentes na primavera. Já os sinais de alerta que exigem atenção imediata incluem respiração acelerada, lábios arroxeados, febre alta persistente e dificuldade para mamar, falar ou se alimentar”.

Como diferenciar alergia de infecção

Os sintomas de alergias respiratórias podem se confundir com resfriados ou até pneumonias. Nehab orienta. “Resfriados cursam com coriza, tosse leve e febre baixa. A asma costuma dar chiado recorrente, tosse seca e dificuldade para respirar, principalmente à noite. Pneumonia já apresenta febre alta, tosse persistente e respiração acelerada e cansada”.

Cuidados em casa fazem diferença

De acordo com Liziane, medidas simples ajudam a prevenir crises alérgicas. “Prefira aspirador de pó com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) em vez de vassoura, evite bichos de pelúcia e cortinas pesadas, mantenha a casa bem ventilada e corrija infiltrações para eliminar o mofo de forma eficaz. Em regiões com maior polinização, também é indicado fechar janelas nos horários de maior liberação de pólen e evitar secar roupas ao ar livre”.

Avanços no tratamento

A alergista da instituição destaca ainda os progressos no diagnóstico e tratamento. “Hoje contamos com exames moleculares que permitem identificar com precisão os alérgenos responsáveis e terapias inovadoras, como imunoterapia alérgeno-específica e novos medicamentos biológicos, que oferecem resultados expressivos em casos moderados a graves”.

Nehab lembra que a vacinação continua sendo uma das principais ferramentas de prevenção. “As vacinas contra influenza, COVID-19, pneumocócica e Haemophilus influenzae tipo b (Hib) são essenciais para reduzir complicações. Crianças doentes devem permanecer em casa, voltando às atividades apenas após sete dias e pelo menos 24 horas sem febre, para evitar a transmissão”.

O recado dos especialistas

Para Liziane, informação e prevenção são as chaves para atravessar a primavera com mais tranquilidade. “Não é possível eliminar totalmente os alérgenos, mas com medidas simples e acompanhamento médico adequado, é possível reduzir bastante as crises e melhorar a qualidade de vida das crianças”.

Já Nehab conclui com um alerta aos pais. “O mais importante é observar a evolução dos sintomas. Se houver piora progressiva, febre persistente ou sinais de esforço respiratório, não hesite em procurar atendimento médico”.