Além de visar o presidente norte-americano, os manifestantes deixaram apelos contra o racismo e contra a guerra em Gaza.

“Os migrantes são bem-vindos, Trump não é bem-vindo”, “Não ao racismo, não a Trump”, “Bombardear crianças em Gaza e festejar no Reino Unido”, pode ler-se nalguns cartazes.

Queremos dar ao povo britânico a oportunidade de expressar o seu ódio por Donald Trump, as suas políticas, o seu racismo”, disse Zoe Gardner, da coligação Stop Trump, à AFP.

“Tenho medo de como o mundo está a ser dominado por homens verdadeiramente maus”, afirmou por seu lado Jo Williamson, uma manifestante de 58 anos, à mesma agência.

“Tivemos aqui uma grande manifestação este fim de semana, muito racista, e quisemos expressar-nos”, acrescentou, referindo-se a um protesto que encheu as ruas de Londres com milhões de pessoas, contra a imigração ilegal e em defesa do modo de vida tradicional britânico.

O presidente norte-americano está longe dos protestos, a 40 quilómetros da capital do Reino Unido, em Windsor.

O primeiro sinal de animosidade contra a visita surgiu logo terça-feira quando uma imagem do presidente norte-americano, ao lado do pedófilo e proxeneta condenado Jeffrey Epstein, foi projetada numa das torres do castelo de Windsor. Quatro pessoas foram detidas.

Na altura, Trump não se encontrava no local.

O presidente dos EUA aterrou terça-feira à noite no Reino Unido, a bordo do Air Force One, na companhia da primeira dama, Melania Trump. Esta é a sua segunda visita de Estado ao país e está a ser rodeada de medidas excecionais de segurança.

Ambos foram recebidos com pompa pela família real, com a receção a encerrar com um banquete de Estado. O discurso do rei Carlos III terá sete minutos e deverá tentar não criar animosidades que poderiam agravar a guerra de tarifas em curso entre os dois países.


Não foi divulgado o teor do discurso do presidente dos EUA.


O Canal4 anunciou entretanto que irá transmitir ao mesmo tempo do banquete um “catálogo ininterrupto” das “inverdades e falsidades” ditas pelo presidente norte-americano. A maratona, intitulada ‘TrumpvsVerdade’, deverá durar cinco horas e mostrar mais de 100 “falsidades, distorções e imprecisões proferidas ou escritas pelo presidente dos EUA desde que assumiu o cargo em janeiro”, conforme anunciou o Canal 4 em comunicado de imprensa..

Keir Starmer tenta apoios 
Donald Trump deverá reunir-se quinta-feira com o primeiro-ministro britânico, em Chequers, para uma série de reuniões políticas.

Keir Starmer procura usar a viagem para consolidar a “relação especial” entre os dois países, os laços económicos profundos, garantir triliões de dólares em investimentos, discutir tarifas e pressionar Trump sobre a Ucrânia e Israel.

Empresas como a Microsoft, a Nvidia, a Google e a OpenAI já prometeram 31 mil milhões de libras (42 mil milhões de dólares) em investimentos britânicos nos próximos anos, em IA, computação quântica e energia nuclear civil.

Starmer também quer mais progressos no comércio, depois de o Reino Unido ter fechado o primeiro acordo com Trump para reduzir algumas tarifas. As negociações podem abordar os restantes impostos sobre o aço, o whisky e o salmão.

“Querem ver se conseguem refinar um pouco o acordo comercial”, disse Trump na terça-feira, antes de partir para Londres.



A visita poderá virar-se contra Starmer.
De acordo com sondagens, o presidente norte-americano é muito impopular. Por outro lado, as taxas de aprovação do primeiro-ministro britânico estão em queda, com milhares de britânicos a exigir que se demita.