O ministro israelita das Finanças, Bezalel Smotrich, disse esta quarta-feira que foram iniciadas conversações com os Estados Unidos sobre como “dividir Gaza”, que considerou ser uma “oportunidade imobiliária”.
“A demolição é o primeiro passo para a renovação da cidade, algo que já fizemos. Agora só precisamos de começar a construir”, disse Smotrich, citado pelo Times of Israel, numa conferência do sector imobiliário em Telavive. O investimento no território palestiniano “paga-se a si mesmo”, acrescentou o ministro.
Smotrich sublinhou que Israel “pagou muito dinheiro por esta guerra” e, por isso, “temos de perceber como vamos dividir o território em percentagens”. O governante admitiu ainda que há um “plano de negócio, redigido pelas pessoas mais competentes que há por aí e que já está na secretária do Presidente Trump”.
Smotrich, assim como Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Interna israelita, integram a facção mais radical do Governo de Benjamin Netanyahu. O responsável das Finanças já foi alvo de sanções por parte de vários países devido ao seu reiterado incitamento à violência contra palestinianos, estando proibido de entrar no Reino Unido, Austrália e Noruega, entre outras nações.
Sobre as referidas negociações com os norte-americanos, o The Washington Post noticiou este mês discussões internas da Administração Trump acerca de um plano para o enclave palestiniano no pós-guerra. Num documento, explicitava-se a intenção de deixar Gaza nas mãos dos EUA durante, pelo menos, dez anos durante os quais investidores públicos e privados desenvolveriam projectos comerciais e turísticos no território.
Já em Fevereiro, o Presidente norte-americano Donald Trump tinha assumido a ambição de fazer da Faixa de Gaza uma “Riviera do Médio Oriente”, e que para tal seria necessário expulsar a população palestiniana para países vizinhos. Também Smotrich, em Julho, assumiu o mesmo plano numa conferência entitulada “A Riviera de Gaza — da visão à realidade”.
As mais recentes declarações de Smotrich surgem pouco depois de as tropas israelitas terem iniciado uma nova ofensiva terrestre na cidade de Gaza e empurrado milhares de civis em fuga para sul. O número de mortos da guerra já ultrapassa os 65 mil e outras 165 mil pessoas foram feridas desde o início do conflito, a 7 de Outubro de 2023, na sequência dos ataques do Hamas a Israel, que vitimaram cerca de 1200 pessoas e fizeram de outras 250 reféns.